XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Opções terapêuticas no manejo endoscópico da pancreatite crônica

Resumo

Apresentação do Caso:
Paciente masculino, 67 anos, com história de pancreatite crônica alcoólica, com episódios prévios de agudização e internação hospitalar, procura atendimento por dor epigástrica crônica. Antecedentes de etilismo e tabagismo em abstenção, DPOC e diabetes. Tomografia de abdome evidenciou dilatação de ducto pancreático principal (DPP), atrofia do parênquima pancreático e calcificação intraductal obstrutiva junto à cabeça pancreática, compatível com pancreatite crônica. Encaminhado para tratamento no Serviço de Endoscopia, quando foi inicialmente submetido à CPRE, que detectou cálculo medindo 8,4 mm no DPP. Realizada esfincterotomia pancreática e posteriormente realizada litotripsia extracorpórea com ondas de choque (LECO), que ocorreu em uma única sessão, sem intercorrências. Após 7 dias, uma nova CPRE demonstrou litotripsia efetiva com fragmentação do cálculo intraductal, e duas estenoses no DPP. Foi possível remover os microcálculos e dilatar as estenoses.
O paciente evoluiu com náuseas e dor abdominal de leve intensidade nas 48 horas pós procedimento, controlados com sintomáticos. No seguimento de 2 meses, evoluiu assintomático e sem novos episódios de agudização da pancreatite.

Discussão: A dor na pancreatite crônica é multifatorial. Sua fisiopatologia envolve: dilatação ductal, aumento da pressão ductal, inflamação crônica parenquimatosa e dor neuropática. O tratamento da dor crônica é desafiador, e a abordagem multidisciplinar geralmente é necessária. No tratamento endoscópico na pancreatite crônica incluem: esfincterotomia pancreática, dilatação de estenoses ductais, fragmentação e extração de cálculos ductais, colocação de próteses pancreáticas, drenagem de pseudocisto, bloqueio de plexo celíaco, e derivação gastropancreática ecoguiada. A LECO é a terapia de primeira escolha nos pacientes com pancreatite crônica com cálculos intraductais obstrutivos maiores que 5 mm, localizados em cabeça/corpo pancreático. Estenoses segmentares podem ser tratadas com dilatação balonada e colocação de próteses.

Comentários Finais: A LECO é amplamente disponível devido ao seu uso no tratamento de nefrolitíase, porém é subutilizada no tratamento de pancreatite crônica no Brasil. É fundamental selecionar corretamente os pacientes que podem se beneficiar do tratamento endoscópico para atingir os melhores resultados. No caso reportado, o paciente apresentou melhora clínica significativa, resultando em melhor qualidade de vida.

Palavras-Chave

Área

Endoscopia - Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada

Autores

Bruno Salomão Hirsch, Renato Baracat, Sergio Eiji Matuguma, Igor Mendonça Proença, Pedro Victor Aniz Gomes de Oliveira, Mateus Bond Boghossian, Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura