XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Barra cricofaríngea como causa de disfagia em paciente idoso

Apresentação do Caso

Paciente masculino, 62 anos, iniciou quadro de disfagia de transferência há 2 meses para pequenos sólidos (comprimidos). Negava disfagia para outras consistências de alimentos, perda ponderal, dor torácica ou sintomas de refluxo. Possuía de antecedentes asma e fratura de mandíbula há 28 anos devido trauma automobilístico. Iniciado investigação com endoscopia digestiva alta que não mostrou alterações. Análise da deglutição por fluoroscopia (Videodeglutograma – VD) encontrou deglutição orofaríngea funcional com lentidão no esvaziamento esofágico, contração retrógrada do esôfago e redução da abertura do segmento faringoesofágico, compatível com barra cricofaríngea (BC). Identificado em manometria de alta resolução pressão média do esfíncter esofágico superior (EES) de 450.5 mmHg associado a espasmo esofageano distal com 40% das ondas prematuras.

Discussão

A fisiologia da deglutição envolve o deslocamento anterior da laringe e o relaxamento do EES, composto pelos músculos constrictor inferior da laringe e o cricofaríngeo (CF), principal responsável pelo tônus do EES. A disfunção do EEI em sua maioria decorre da dismotilidade do CF, apresentando-se como disfagia cervical e/ou engasgos. O espasmo do CF, quando visto lateralmente em exame contrastado, apresenta-se como uma protrusão semelhante a uma barra ao nível de C5-C6, sendo chamada BC. A BC pode ser decorrente de doenças neurológicas, musculares, iatrogênicas ou idiopática, sendo um distúrbio funcional relacionado à abertura do EES e alteração do relaxamento do músculo cricofaríngeo quando avaliada por estudos de manometria. Ela pode ser encontrada em até 5%-19% dos pacientes que realizam VD, sendo mais comum em idosos. A avaliação do EES pela manometria ainda é um tema controverso, com valores de normalidade não bem estabelecidos. Estudo brasileiro mostrou variação de pressão do EES entre 100,6±45,6 [22,0-201,1] mmHg em indivíduos normais. A hipertonia do EEI pode ter papel na fisiopatologia de sintomas disfágicos altos. O tratamento da BC inclui modalidades como dilatação pneumática, injeção de Botox ou até miotomia cirúrgica ou endoscópica.

Comentários finais

A BC é um distúrbio da motilidade do EES que causa disfagia cervical com critérios diagnósticos manométricos ainda não bem definidos, com diferentes etiologias e com potencial impacto na qualidade de vida do paciente, sendo necessários mais estudos sobre esta condição patologia.

Palavras-Chave

Disfagia, Barra Cricofaríngea, Esfíncter Esofágico Superior

Área

Gastroenterologia - Motilidade Digestiva

Autores

Marcel Lima Andrade, Vera Lúcia Ângelo Andrade