Dados do Trabalho
Título
TUBERCULOSE HEPÁTICA APÓS O USO DE INFLIXIMABE E AZATIOPRINA: RELATO DE CASO
Apresentação do Caso
Paciente masculino, 18 anos, com diagnóstico de Doença de Crohn (DC) há cerca de 3 anos. Após exames pré-tratamento, incluindo o de tuberculose (TB), iniciado tratamento para DC com Azatioprina, Infliximabe e corticóide. Paciente veio ao atendimento referindo dor abdominal, perda ponderal de 9 kg em 2 meses e fraqueza. Relatava há 2 anos quadro de tosse seca ocasional, com expectoração amarelo hialina, sem febre, sudorese ou dispneia. Ao exame físico, paciente em regular estado geral, sem sinais de peritonite, mas com dor à palpação abdominal. No hospital, foi solicitada biopsia hepática, que evidenciou hepatite granulomatosa, e pesquisa de BAAR, com resultado positivo. Em função do exame clínico e exames complementares, estabeleceu-se o diagnóstico de Tuberculose Hepática (TBH). Sendo, então, iniciado tratamento com esquema de menor hepatotoxidade, devido a função hepática já alterada do paciente, foi escolhido tratamento com Etambutol, Levofloxacino e Amicacina, apresentando boa evolução clínica. Paciente recebeu alta com orientação de manter tratamento prescrito por 9 meses e acompanhamento ambulatorial. Atualmente, paciente apresenta melhora do quadro, com ganho ponderal e bom estado geral, em uso de ustequinumabe para DC.
Discussão
A doença de Crohn (DC) é um processo inflamatório crônico da mucosa de etiologia ainda desconhecida, que acomete todas as camadas da parede do trato gastrointestinal de forma uni ou multifocal, de intensidade variável e transmural. Possui períodos de atividade e remissão, podendo evoluir para complicações como fístulas, estenose e abscessos. Os sintomas mais descritos da doença são cólica abdominal, diarreia, vômitos, febre e perda de peso. A terapêutica farmacológica com infliximabe e azatioprina são tem elevada eficiência clínica no tratamento da DC. Entretanto, devido a ação imunomoduladora da Azatioprina e imunossupressora do infliximabe, ao neutralizar o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), o risco de infecções oportunistas, como a TB extrapulmonar, se eleva. A infecção pelo Mycobacterium tuberculosis, normalmente como uma reativação de uma tuberculose latente, é uma importante complicação do uso de agentes anti- TNF α, sendo essa reativação cerca de 2 a 20 vezes mais comum nos pacientes em uso de biológicos do que na população em geral.
Comentários finais
Assim, é necessário o acompanhamento rigoroso dos pacientes em uso de imunomoduladores e da terapia biológica para realizar o diagnóstico e tratamento precoce de infecções oportunistas.
Palavras-Chave
Tuberculose, Doença de Crohn, Imunomoduladores
Área
Gastroenterologia - Fígado
Autores
Caroline Borges de Castro, Maria Eduarda Steinmetz Kaczen, Gabriel Canhete Machado, Pedro Henrique Caetano Santos da Silva, Elza Cristina Miranda da Cunha Bueno