XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

MACROAMILASEMIA EM PACIENTE HÍGIDA QUE APRESENTOU ENTERITE INFECCIOSA DURANTE A INVESTIGAÇÃO: Relato de caso

Apresentação do Caso

Paciente B.C.L., sexo feminino, 21 anos, proveniente da atenção básica para investigação de hiperamilasemia (387 U/L), com valor de referência (VR) de 25 – 125 U/L. O exame foi feito em “checkup”, sem sintomas, não havia fatores de risco para pancreatite, outros dados positivos na anamnese e alterações ao exame físico. Foi adotada conduta expectante, com solicitação de nova dosagem de amilase e lipase após 3 semanas. A paciente evoluiu nesse intervalo com episódio de diarreia sanguinolenta de 3 dias de duração, com melhora após uso de saccharomyces boulardii e nitazoxanida, prescritos por plantonista em pronto socorro de forma empírica. Retornou assintomática para reavaliação, com amilase 374 U/L e lipase normal. Levou ainda o resultado de uma ultrassonografia de abdome total solicitada na avaliação de urgência, que evidenciou espessamento parietal regular e difuso de cólon descendente (em vigência de diarreia aguda). Foram então solicitados exames para investigação de hiperamilasemia crônica: ultrassonografia de glândulas salivares e pélvica sem alterações, PCR 13 mg/L (VR: 5), VHS 43 mm/h (VR: 0 a 20), função renal e hepática normais, amilase urinária 140, creatinina sérica 0,88, amilase sérica 396, creatinina urinária 45 (fração de excreção de amilase = 0,69%). Foi realizada investigação laboratorial negativa para etiologias reumatológicas e doença celíaca. Biópsia de duodeno, colonoscopia e tomografia computadorizada de abdome descartaram outras causas específicas. Dosagem laboratorial confirmou diagnóstico de macroamilasemia depois de 1 ano de seguimento.

Discussão

Na hiperamilasemia crônica os níveis de amilase sérica permanecem elevados por mais de 3 semanas. A principal indicação clínica para sua dosagem é a suspeita de pancreatite. Mas além dessa e outras causas pancreáticas, existem alterações nas glândulas salivares, doenças renais, hepáticas, intestinais, ginecológicas e oncológicas como possibilidades diagnósticas. O tratamento, portanto, depende da abordagem da causa específica.

Comentários finais

2 a 5% dos indivíduos com hiperamilasemia têm macroamilasemia, cuja prevalência em pacientes aparentemente saudáveis é de 1%. O estado inflamatório é uma das situações que propiciam a formação da macroamilase, pois a amilase se liga a macromoléculas e se formam grandes complexos. Mas pessoas saudáveis também podem apresentar essa condição de maneira benigna e sem necessidade de tratamento. Isso se confirmou no caso exposto, apesar da provável infecção no início da investigação.

Palavras-Chave

hiperamilasemia, macroamilase, amilase, inflamação, checkup, rastreio, enterite, pancreatite

Área

Gastroenterologia - Miscelânea

Autores

William Wilkens Helrigle