Dados do Trabalho

Título

Confecção de estomias derivativas em caráter de urgência e impacto da via de acesso nos desfechos pós cirúrgicos e morbidade

Introdução

A obstrução intestinal é um quadro frequente entre os pacientes com neoplasias abdominais e pélvicas. Situações de urgência com frequência não permitem a ressecção completa do tumor primário, sendo as derivações externas uma das alternativas empregadas nestes cenários.

Diferentes vias de acesso para confecção de estomias em alça são possíveis. A via aberta, laparoscópica e local por trefinação são as alternativas cirúrgicas. Resultados quanto aos desfechos das diferentes técnicas são pouco disponíveis.

Objetivo

Comparar a incidência de complicações precoces e tardias entre as diferentes vias de acesso

Comparar o tempo cirúrgico e duração de internação entre os diferentes métodos

Método

Foram incluídos pacientes operados em caráter de urgência entre 2009 e 2019. Os três métodos para confecção da derivação de trânsito foram: aberta, laparoscópica e por trefinação.

As variáveis categóricas foram expressas em porcentagem e as contínuas em médias e desvio padrão. Foram utilizados os teste de qui-quadrado e ANOVA para comparação entre as variáveis categóricas e contínuas, respectivamente.

Resultados

No período avaliado, 151 pacientes (51,6% masculino, média idade 57,3±14,3) foram avaliados. A frequência dos procedimentos abertos, laparoscópicos e por trefinação foram 32,4%, 34,4% e 33,1%, respectivamente. A maioria dos pacientes (56,2%) apresentava quadro de abdome agudo obstrutivo e o sítio tumoral primário mais frequente foi o reto e canal anal (62,2%).

A presença de cirurgia abdominal prévia variou de modo significativo entre os grupos (p ,0087), sendo que 61,2% dos pacientes operados por via aberta apresentavam cirurgia prévia. O tempo cirúrgico médio foi de 90,2 minutos, com diferença significativa entre os métodos (p ,00001). A trefinação foi a via com menor tempo cirúrgico (média 49,3 min). O tempo médio para funcionamento da estomia para fezes foi de 2,98 dias. A duração média da internação foi de 8,73±8,81. Os grupos apresentaram diferença significativa quanto à duração da internação, sendo que o grupo operado por trefinação apresentou a menor média (6,6 dias, p ,011).

A complicação mais frequente foi o prolapso de estomia (12,5%), seguido de desabamento (6,6%) e necrose (3,3%). A única complicação com diferença significativa entre os grupos foi o desabamento, com maior incidência para a via laparoscópica (p ,049).

Conclusão

A via laparoscópica apresentou maior incidência de desabamento de estomia

A via local por trefinação requer menor tempo cirúrgico e de internação em relação aos demais grupos

Palavras-Chave

Estomia, obstrução intestinal, laparoscopia, trefinação