XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

LESÃO HEPÁTICA INDUZIDA PELA AZATIOPRINA EM PACIENTE PORTADOR DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

M.N.V.T.P, sexo masculino, 24 anos, portador de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), com terapia inicial com predinisolona. No curso da doença apresentou derrame pleural, sendo introduzida em associação a azatioprina. Após 7 dias o paciente desenvolveu quadro de icterícia e ascite, com elevação de aminotransferases 4x o valor de normalidade (VN), GGT 60x VN, FA 4x VN e bilirrubinas 10x VN. Devido ao quadro sugestivo de hepatotoxicidade, foi realizada suspensão da azatioprina. Como o paciente mantinha níveis elevados de aminotransferases prosseguimos a investigação para doença viral, autoimune e metabólica, com todos os marcadores não reagentes, exceto FAN reagente titulação 1/320. Para exclusão de associação com patologias biliares foi realizada ColangioRM que evidenciou vesícula biliar hipodistendida e colecistopatia calculosa crônica. Para definição diagnóstica foi realizada biópsia hepática que concluiu hepatite aguda colestática leve a moderada com sugestão de lesão tóxico-medicamentosa. O paciente se manteve assintomático, porém sempre com elevação das aminotransferases e GGT, que persistiu por 1 ano e 8 meses até a normalização completa das enzimas hepáticas.

Discussão

A lesão hepática induzida por drogas (DILI) pode se manifestar como uma apresentação clínica variando da forma assintomática à quadros de icterícia, hepatite aguda grave e insuficiência de múltiplos órgãos. Embora a biópsia do fígado nem sempre ajude com o diagnóstico diferencial, ainda deve ser realizado em pacientes elegíveis para fins diagnósticos ou diferenciais. Aza, um pró-fármaco da 6-mercaptopurina (6-MP), foi introduzido como agente imunossupressor, inicialmente para a prevenção da rejeição do transplante e, posteriormente, por suas características poupadoras de corticosteroides, como terapia para doenças autoimunes. Relatos de lesão hepática, às vezes com desfecho fatal, associada ao uso desses medicamentos apareceram logo após sua introdução. Tanto Aza quanto 6-MP estão associados com elevações transitórias nos níveis séricos de enzimas, mas geralmente são leves e autolimitados e podem resolver mesmo sem ajuste de dose.

Comentários finais

A hepatotoxicidade ocupa vários mecanismos e fatores que incluem classes, metabolismo e combinação de drogas. No entanto, a lesão hepática não pode ser prevista na maioria dos casos devido ao complicado metabolismo da droga. Logo, deve-se ter em mente que este efeito adverso pode ser manifestado dentro de horas após a primeira dose ou até 2 anos de dose acumulada.

Palavras-Chave

Hepatite medicamentosa. Lúpus Eritematoso Sistêmico. Azatioprina

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

MATHEUS ANDRADE AMARAL, LEILA MARIA SOARES TOJAL BARROS LIMA