XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Miotomia no megaesôfago sigmoide: é aplicável? Uma revisão sistemática e metanálise

Introdução

Acalasia pode evoluir para megaesôfago sigmoide em 10-15% dos pacientes e geralmente é tratada com esofagectomia, que apresenta alta morbimortalidade. Muitos cirurgiões discutem a aplicabilidade da miotomia de Heller para o tratamento do megaesôfago sigmoide.

Objetivo

O objetivo deste estudo é analisar a eficácia da miotomia no tratamento de pacientes com megaesôfago sigmoide.

Método

Uma revisão sistemática e metanálise foi conduzida no PubMed, Cochrane (CENTRAL), Lilacs (BVS) e Embase, juntamente com a busca manual de referências. Os critérios de inclusão foram: a) ensaios clínicos, coorte, série de casos; b) pacientes com megaesôfago sigmoide e diâmetro esofágico ≥6cm; e c) pacientes submetidos à miotomia primária. Os critérios de exclusão foram: a) revisões, relatos de caso, estudos transversais, editoriais, cartas, resumos de congressos, indisponibilidade de texto completo; b) tratamento cirúrgico prévio para acalasia; e c) estudos pediátricos ou de modelos animais. Não houve restrições de idioma e data de publicação e nenhum filtro foi aplicado. Foram realizadas análises de subgrupos para avaliar os resultados perioperatórios da miotomia laparoscópica. Além disso, análises de subgrupos foram realizadas para avaliar os resultados à longo prazo dos estudos com um tempo de seguimento >24 meses. Para verificar a heterogeneidade foi utilizado o teste I2. Aplicou-se um intervalo de confiança (IC) de 95%. Foi aplicado o modelo randômico, sendo o modelo fixo usado como análise de sensibilidade. Para avaliar o risco de viés e a qualidade da evidência, foram utilizadas as ferramentas ROBINS-I e GRADE, respectivamente.

Resultados

Dezesseis artigos foram selecionados, abrangendo 350 pacientes. A idade média variou de 36 a 61 anos, e o seguimento médio variou de 16 a 109 meses. A taxa de complicações foi de 0,08 (IC: 0,040 - 0,153; p = 0,01). A taxa de necessidade de retratamento foi de 0,128 (IC: 0,031 - 0,409; p = 0,01). A taxa de resultados "bons" ou "excelentes" após a miotomia foi de 0,762 (IC: 0,703 - 0,812; p < 0,01). A mortalidade pós-operatória foi de 0,008 (IC: 0,004 - 0,015; p <0,01).

Conclusão

A miotomia de Heller é uma opção para evitar a esofagectomia no megaesôfago sigmoide, com baixa morbimortalidade e bons resultados. Ela mostra-se eficaz para a maioria dos pacientes e apenas uma minoria exigirá um retratamento, seja uma remiotomia, terapia endoscópica ou esofagectomia

Palavras-Chave

Acalasia esofágica; miotomia de Heller; eficácia; revisão sistemática; metanálise

Área

Cirurgia - Esôfago

Autores

Marina Feliciano Orlandini, Amanda Park, Maria Carolina Andrade Serafim, Letícia Nogueira Datrino, Guilherme Tavares, Luca Schiliró Tristão, Clara Lucato dos Santos, Wanderley Marques Bernardo, Francisco Tustumi