Dados do Trabalho
Título
ESOFAGECTOMIA EM FORMA SEQUELAR DE PARACOCCIDIOIDOMICOSE ESOFÁGICA: UM RELATO DE CASO
Apresentação do Caso
Mulher de 53 anos, com queixa de disfagia progressiva por 2 anos e perda ponderal de 20 quilos em 7 anos. Tabagista, ex-etilista e emagrecida (40 kg), iniciou-se investigação por suspeita de câncer esofágico com seriografia, endoscopia digestiva alta (EDA) e biópsia. A seriografia mostrou esôfago com estreitamento progressivo em sua porção distal, mais estreita a cerca de 6 cm da cárdia, com lentificação da passagem e acúmulo do contraste. Na EDA, evidenciada lesão estenosante retilínea de 4 cm de extensão em esôfago distal, a 33 cm da arcada dentária superior (ADS). A biópsia revelou o diagnóstico demonstrando mucosa esofágica com inflamação crônica granulomatosa com estruturas fúngicas condizentes com Paracoccidioidomicose (PCM).
Optou-se por tratamento clínico com Sulfametoxazol + Trimetoprima e Itraconazol. Foi submetida a múltiplas sessões de dilatações endoscópicas da estenose, além de colocação de prótese endoscópica, sem melhora sustentada da disfagia. Em virtude dos insucessos no tratamento da disfagia e da piora do estado nutricional, apesar do tratamento clínico e das dilatações esofágicas, após ausência de fungos em biópsia esofágica passados 2 anos de uso anti-fúngicos, foi optado por esofagectomia com reconstrução por tubolização gástrica e anastomose esôfago-gástrica cervical. Paciente evoluiu com estenose de 3 mm da anastomose esôfago-gástrica há 20 cm da ADS, sendo necessárias dilatações endoscópicas. Segue em acompanhamento no serviço de CAD, com melhora da disfagia e sem evidência de recidiva da infecção fúngica.
Discussão
A PCM, doença endêmica na América do Sul e de maior incidência no Brasil, é uma micose sistêmica causada pelo fungo Paracoccidioides spp. Apresenta-se nas formas aguda/subaguda (juvenil), crônica (do adulto) e residual (sequelas). As duas últimas, podem causar sintomatologia gastrointestinal e acometimento esofágico. Este trabalho relata o raro acometimento esofágico pela doença, evolução para forma sequelar com estenose esofágica e a necessidade de esofagectomia para manutenção de via alimentar e nutrição. É o primeiro relato de necessidade de intervenção cirúrgica por forma residual de PCM esofágica e alerta para esse diagnóstico diferencial.
Comentários finais
É indispensável que o acometimento esofágico pela PCM seja considerado para haver o correto diagnóstico e tratamento, prevenindo sua evolução e desenvolvimento de sequelas graves cujo tratamento envolva medidas invasivas e de alta morbidade como a esofagectomia.
Palavras-Chave
Paracoccidioidomicose; estenose esofágica; esofagectomia.
Área
Cirurgia - Esôfago
Autores
Maitê Mateus, Carolina Costenaro Brandes, Julianna Storace Carvalho Arouca, Carlos Humberto Guilman Tanizawa, Adonis Nasr, Vinícius Basso Pretti, Katiane Bortolini Zenatti