XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Proctite e lesão perianal por linfogranuloma venéreo: um relato de caso

Apresentação do Caso

Paciente masculino, 25 anos, soropositivo por transmissão vertical. Iniciou uso de terapia antirretroviral (TARV) ao diagnóstico até os 17 anos, quando passou ao uso irregular. Refere uso de drogas ilícitas aos 18 anos e relação sexual anal receptiva. Retornou acompanhamento ambulatorial e uso de TARV em 2019.
Foi encaminhado ao ambulatório de coloproctologia devido à dor e queimação anal e à presença de lesão perianal. Refere febre não aferida e 3 evacuações diárias líquidas com sangue e pus. No exame proctológico, presença de placa verrucosa com bordas elevadas, com ulceração central extensa, de cerca de 4 cm, às 9 horas. Sem alterações à manobra de valsalva. À palpação, nota-se placa de consistência endurecida ao redor da úlcera. Toque retal: esfíncter normotônico, sem sangue em dedo de luva. Anuscopia: mucosa retal com edema e enantema com saída de pequena quantidade de sangue e pus.
Colonoscopia em julho/19: Preparo intestinal bom, até o íleo terminal. Retite moderada com múltiplas lesões aftosas, algumas recobertas de fibrina. Realizadas biópsias. Demais segmentos com mucosa colorretal macroscopicamente sem alterações.
Anatomopatológico julho/19: Reto: mucosa do tipo colônica com ulceração e inflamação crônica produtiva intensa (criptite). Sem inclusões virais na amostra.
Biopsia excisional de lesão perianal: hiperplasia pseudoepiteliomatosa suprajacente a intensa inflamação crônica exsudativa com formação de granulomas supurativos.
Foi levantada hipótese de linfogranuloma venéreo e então iniciado tratamento com Doxiciclina 100 mg de 12/12 horas durante 21 dias. Paciente evoluiu com melhora total da proctite e boa cicatrização da ferida operatória, sem complicações.

Discussão

Linfogranuloma venéreo é uma doença sexualmente transmissível, causada pela Chlamydia Trachomatis dos sorotipos L1-3. Pode causar linfadenopatia, úlcera genital, proctite, fístula anorretal e estenose. O teste diagnóstico é a reação em cadeia de polimerase, cuja disponibilidade é limitada. Neste caso, o tratamento deve ser iniciado de forma empírica e é realizado com Doxiciclina 100 mg duas vezes ao dia por 3 semanas ou até persistirem os sintomas.

Comentários finais

Destacamos a importância dos diagnósticos diferenciais de proctite e lesões perianais em pacientes HIV positivos.

Palavras-Chave

Linfogranuloma venéreo, HIV, Proctite

Área

Cirurgia - Miscelânea

Autores

Ana Paula Fernandes Braga, Carlos Eduardo Oliveira Sodero, Pedro Brum da Silveira Ferraz, Emerson Abdulmassih Wood da Silva, Luciano Ricardo Pelegrinelli, Gustavo Roberto Carvalho Tiveron, Aurélio Fabiano Ribeiro Zago, Anyta Laura Silva Cardoso