XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Relato de Caso: Colite isquêmica não oclusiva

Apresentação do Caso

Paciente U.V.Z.T, 41 anos, sexo feminino, previamente hígida, admitida em pronto atendimento com lombalgia, dor abdominal, diarreia sanguinolenta e vômitos. Ao exame, apresentava aumento dos ruídos hidroaéreos e dor abdominal a palpação em flanco esquerdo e fossa ilíaca esquerda, sem sinais de peritonite. Ao toque retal, ausência de sinais de sangramento. Submetida a tomografia de abdome que demonstrou espessamento de cólon descendente e sigmoide, com redução da luz desses segmentos cólicos. Na colonoscopia, observou-se no sigmoide e descendente discreto estreitamento da luz, com mucosa edemaciada, presença de erosões e úlceras rasas com bordas definidas e recobertas por fibrina tênue, entre 5 e 15 mm no maior eixo. Realizadas biópsias dessas lesões que indicaram erosões de mucosa cólica com padrão isquêmico, sem etiologia específica e testes sorológicos negativos.

Discussão

Isquemia cólica caracteriza-se pela interrupção do fluxo sanguíneo no cólon ou parte dele, sendo mais prevalente em jovens do sexo feminino e causadas por doenças arteriovenosas, como oclusão arterial aguda e trombose venosa, além de hipoperfusão. Alguns fatores de risco estão associados a esse quadro, como: estados de hipercoagulabilidade, infarto agudo do miocárdio, trombofilia, hemodiálise, mal formações arteriovenosas, exercícios físicos extenuantes, uso de anticoncepcionais orais, metanfetaminas, vasoconstrictores nasais. A colite isquêmica pode apresentar-se clinicamente com dor abdominal e diarreia sanguinolenta na fase inicial ou hiperativa. A segunda fase, denominada paralítica, mantém o quadro de dor, evoluindo com distensão abdominal e redução dos ruídos hidroaéreos. E por último, a fase de choque, secundária a necrose e perfuração do cólon.
Isquemia colônica não oclusiva é a forma mais comum, acomete principalmente ângulo esquerdo do cólon e transição retossigmoide de forma transitória ou prolongada (tempo superior a 8 horas), podendo acarretar em infarto transmural do cólon. O diagnóstico é realizado a partir do quadro clínico, exames laboratoriais, exames de imagem (tomografia computadorizada, arteriografia e colonoscopia) e exame histopatológico. O tratamento é direcionado pelo quadro clínico, podendo ser conservador ou cirúrgico.

Comentários finais

O diagnóstico precoce da colite isquêmica e de sua possível etiologia, permite direcionar o tratamento e reduzir a morbimortalidade.

Palavras-Chave

colite isquêmica - isquemia de cólon - isquemia não oclusiva

Área

Endoscopia - Colonoscopia

Autores

Lívia Maria Pacelli Marcon, Matheus Degiovani, Bruno Trentini, Teófilo Galvão Mendonça