Dados do Trabalho
Título
Abordagem cirúrgica conservadora no megaesôfago chagásico: relato de caso
Apresentação do Caso
Homem, 78 anos, pardo, encaminhado ao serviço devido queixa de disfagia inicialmente para sólidos que progressivamente evoluiu para líquidos, associado a entalo e dor torácica. Nega perda ponderal. Cardiopata, com intervenção cardiológica prévia via cateterismo. Quadro com evolução de aproximadamente dez anos. Exames sorológicos confirmaram doença de Chagas, corroborando com história de habitação de pau a pique na infância. Realizou uma sessão de dilatação esofágica há dois anos, com melhora parcial dos sintomas. Durante investigação, realizada endoscopia digestiva alta com visualização de esôfago dilatado, tortuoso, com restos salivares, e sem achados malignos em estômago. Realizada radiografia de esôfago estômago e duodeno (REED), com identificação de esôfago com dilatação moderada a importante, com retenção de contraste baritado, com importante afilamento em porção distal do órgão, compatível com megaesôfago grupo III de Rezende. Manometria esôfago compatível com esofagopatia chagásica. Realizada cardiomiotomia a Heller com fundoplicatura a Dor videolaparoscópica. No intra-operatório, identificada ainda importante hérnia hiatal, corrigida no final do procedimento. Paciente apresentou boa evolução no pós operatório, com aceitação progressiva da dieta via oral, e mantem acompanhamento ambulatorial e radiológico.
Discussão
A doença de Chagas é uma causa de morbimortalidade ainda prevalente no Brasil, sobretudo no Centro-Oeste. No trato gastrointestinal acomete o esôfago e o cólon. A esofagopatia chagásica desenvolve-se lentamente, comprometendo cerca de 30% dos pacientes com o diagnóstico da protozoonose, que causa destruição neuronal nos plexos de Auerbach e Meissner, com consequente dismotilidade esofagiana. Os pacientes apresentam disfagia progressiva de sólidos para líquidos, entalo, perda ponderal, dor torácica e tosse. A abordagem clínica deve incluir manometria esofágica, endoscopia digestiva alta e esofagograma baritado ou REED. A abordagem terapêutica contempla, de acordo com o quadro radiológico do paciente, desde medidas mais conservadoras como dilatação esofágica e, em casos refratários, abordagens cirúrgicas como a cardiomiotomia a Heller ou a esofagectomia, técnicas estas que devem ser indicadas conforme o status performance do paciente bem como considerando suas queixas e o quadro radiológico.
Comentários finais
O megaesôfago graus III e IV nem sempre é sinonímia de esofagectomia, ou seja, abordagens menos agressivas podem ser consideradas individualizando cada caso.
Palavras-Chave
Doença de Chagas, Megaesôfago, Cardiomiotomia
Área
Cirurgia - Esôfago
Autores
Thiago Oliveira Freitas Becker, Eduardo Tocaffondo Filho, Lorrayne Silva Pequeno