XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

TUBERCULOSE MILIAR COMO REAÇÃO ADVERSA GRAVE AO USO DO ADALIMUMAB NA DOENÇA DE CROHN: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente do sexo masculino, 31 anos, técnico de enfermagem, com diagnóstico prévio de doença de Crohn (DC) há 11 anos com acometimento de colon e íleo terminal. Em remissão endoscópica com Adalimumabe 14/14 dias há 4 anos, em acompanhamento ambulatorial regular, com cartão vacinal atualizado e PPD pré medicação de “zero”. Procura o pronto-socorro por quadro de dispneia, astenia, mialgia e febre há 8 dias. Ao exame físico, notava-se taquidispneia, com murmúrio vesicular presente bilateralmente sem ruídos adventícios. A infecção por COVID-19 foi descartada pela reação em cadeia da polimerase (PCR) em swab nasofaríngeo. Para investigação do quadro, foi realizada a tomografia computadorizada (TC) de tórax que demonstrou consolidação e micronódulos centrolobulares em segmento apical do lobo inferior esquerdo. A pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) no escarro foi negativa em três amostras, mas, ao prosseguir com a investigação devido à forte possibilidade de tuberculose em um paciente imunossuprimido e com risco ocupacional, além de descartada outras infecções oportunistas, foi pesquisado Mycobacterium tuberculosis em lavado broncoalveolar, tendo resultado positivo, confirmando o diagnóstico de tuberculose miliar. Foi iniciada a terapia quádrupla com rifampicina, isoniazida, pirimetamina e etambutol com evolução favorável do quadro clínico, além de seu acompanhamento da DC no ambulatório de Gastroenterologia.

Discussão

Pacientes com doença inflamatória intestinal (DII), em tratamento com imunobiológicos, possuem fator de risco para reativação de infecções latentes, como tuberculose (TB). Portanto, mesmo nos pacientes previamente imunizados em rastreio anual com teste tuberculínico (PPD) e radiografía de tórax, o diagnóstico de tuberculose e suas formas, como a miliar, deve ser considerado frente a um quadro clínico inespecífico. No seu tratamento, deve ser considerada a interrupção temporária ou permanente do imunobiológico para a DII associado à reação adversa, enquanto se institui a terapia para o quadro de tuberculose miliar ou até mesmo após a terapia.

Comentários finais

Medicações imunobiológicas podem oferecer risco de ativação de infecções oportunistas, como a TB. Seu quadro clínico pode ser inespecífico e deve ser suspeitado mesmo nos pacientes com exames de rastreamento prévios normais.

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

João Eugênio Loureiro Lopes, Bruna Barcellos Chaia, Helena Demuner Vallandro, Marina Dadalto Scarpati, Vítor Lorencini Belloti, Ana Paula Hamer Sousa Clara, Fabiano Quarto Martins, Felipe Bertollo Ferreira, Felipe Welling Lorentz, Livia Zardo Trindade, Mariana Poltronieri Pacheco