Dados do Trabalho
Título
Os riscos da prática de cirurgias de urgência e emergência em centro de referência de doenças oncológicas do Brasil frente ao início da pandemia de COVID-19
Introdução
Os meses iniciais da pandemia por COVID caracterizaram-se pelo desafio no tratamento dos pacientes, especialmente aqueles com doença oncológica de base com complicações cirúrgicas.
Objetivo
Comparar a incidência de óbito entre pacientes com e sem COVID no pós-operatório de cirurgia de urgência em pacientes oncológicos
Descrever as características gerais dos pacientes operados na urgência durante os meses iniciais da pandemia do COVID
Método
Foram incluídos pacientes operados na urgência entre abril e agosto de 2020. A avaliação da infecção por COVID foi realizada pelo RT-PCR e/ou imagem tomográfica.
Resultados
No período considerado, 114 (51,7% masculino, média de idade 60,5±13,7 anos) pacientes foram operados por urgências oncológicas. O trato gastrointestinal foi o sítio primário mais frequente, seguido das neoplasias urológicas (32,4% e 7,8%, respectivamente). Avaliando-se o período perioperatório, 18 pacientes (15,7%) apresentaram infecção por COVID-19.
A cirurgia mais realizada foi a derivação externa de trânsito, seguida das colectomias e derivação interna de trânsito (21%, 15,7% e 11,4%, respectivamente). A taxa de complicação cirúrgica foi de 21% e a taxa de óbito durante a internação foi de 13,1%. A causa de óbito mais frequente foi relacionada à neoplasia avançada (40%). A infecção por COVID foi responsável por 20% dos óbitos. Dos pacientes que receberam alta (n=99), 10,1% foram a óbito após três meses por progressão de doença.
Considerando-se o subgrupo dos pacientes infectados por COVID (61% sexo masculino, média de idade 64,2±12,07 anos), as cirurgias mais realizadas foram a colectomia, derivação externa ou interna de trânsito (33% para cada cirurgia). A média de duração da internação foi de 26,89±19,39.
Não houve diferença significativa entre a média de idades (p=0,20), sexo (p=0,38), tipo de cirurgia realizada (p=0,61), sítio primário do tumor (p=0,57) ou taxa de óbito intra-hospitalar (p=0,15) entre os grupos com e sem COVID . A duração da internação foi maior no grupo de pacientes com COVID-19 (p=0.0013). A curva de Kaplan-Meier não apresentou diferença significativa de sobrevida global (p=0,27)
Conclusão
Não houve diferença significativa de óbito entre infectados ou não por COVID-19 no pós operatório de cirurgia de urgência em pacientes oncológicos
Os pacientes operados na urgência no período inicial da pandemia apresentaram média de idade de 60,5 anos, trato gastrointestinal como sítio primário mais comum e derivação externa de trânsito intestinal como procedimento mais realizado
Palavras-Chave
COVID-19, cirurgia, oncologia, urgência
Área
Cirurgia - Miscelânea
Autores
Yasmin Peres Navarro, Rodrigo Ambar Pinto, Daniel José Szor, Gustavo Gonçalves Yogolare, Guilherme Naccache Namur, Ulysses Ribeiro Junior, Sérgio Carlos Nahas