XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Colangite pós Covid-19: relato de caso.

Apresentação do Caso

T.H.R, 32 anos, masculino, previamente hígido, internado por 54 dias devido a COVID-19. Esteve em UTI por 30 dias, sendo 12 dias em ventilação mecânica. Após melhora, transferido para enfermaria, onde evoluiu com icterícia, colúria e dor em membros, associado a alteração laboratorial, atingindo níveis de GGT:2563, FA:959, TGO:259, TGP:545. Iniciado ácido ursodesoxicólico 300mg 3x/d. Após início do tratamento teve melhora laboratorial e clínica. Na alta, apresentava TGO:79 TGP:169 FA:429 GGT:1106. Em exames após 7 dias da alta, apresentou melhora TGO:49 TGP:145 FA:435 GGT:827. Em RM de abdome não era evidenciável dilatação de vias biliares extra-hepáticas, mas observou-se áreas de ectasia da via biliar intra hepática, com estenose e irregularidades proximais (padrão de colangite esclerosante). Com imagens císticas e realce periférico, esparsas, condizentes com microabcessos biliares em formação, por obstruções proximais da árvore biliar; além de realce parietal de vias biliares intra e extrahepáticas, típico de colangite aguda. Em biópsia hepática, evidenciada hepatopatia colestática subaguda com inflamação portal leve, discreta reação ductular e leve bilirrubinostase parenquimatosa intra-hepatocitária.

Discussão

Colangite esclerosante secundária em pacientes críticos é uma doença hepática colestática que ocorre em pacientes sem história prévia hepatobiliar, após receberem tratamento em UTI. Secundária a: cirurgia cardiotorácica, infecção, trauma e queimaduras. Foi recentemente associada a infecção por Covid-19. A expressão da ECA-2 pelos colangiócitos, receptor do SARS-CoV-2, causa dano epitelial direto pelo vírus e a doença hepática crônica. A fisiopatogenia cursa com isquemia do ducto biliar e alterações na composição da bile. Resultando em necrose de colangiócitos e formação de cilindros biliares obstrutivos, causando colangite. Distinta de outras doenças hepatobiliares em pacientes críticos pela colestase persistente, apesar da recuperação clínica de lesões em outros órgãos. Reflete o dano celular irreversível e prognóstico ruim, com risco de rápida deterioração para cirrose biliar. Diagnosticada por colangio-RM/CPRE, mostrando dilatações e estenoses das vias biliares intra-hepáticas. Nenhum tratamento demonstrou retardar a rápida progressão da doença

Comentários finais

Apesar de nenhum tratamento ter sido consolidado, neste caso o paciente se beneficiou do tratamento medicamentoso, evitando progressão da doença e necessidade de transplante.

Palavras-Chave

Colangite esclerosante ; Covid-19; colangite aguda; colestase; icterícia

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Nayla Nayara de Souza, Carolina Cortezzi Ribeiro do Nascimento, Fernanda da Silva Miliorini, João Paulo Fais, Fabio Boarini de Souza, Josimar Barbosa Silva, Tiago Marques Guerini