XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

AGENESIA DE VESÍCULA BILIAR: RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente do sexo feminino, 30 anos de idade, referindo dor em cólica, de moderada intensidade, no hipocôndrio direito, que piora com a ingestão de alimentos gordurosos, associada a náuseas e vômitos, além de dor restroesternal e pirose. Ademais, relata antecedentes pessoais de herniorrafia inguinal direita e osteoartrite, apresentando, ao exame físico, abdômen dolorido no hipocôndrio direito, sem sinais de irritação peritoneal. De início fez-se uma endoscopia digestiva alta, que evidenciou esofagite erosiva leve e gastrite erosiva. Em seguida, realizaram-se duas ultrassonografias de abdômen, que não caracterizaram a vesícula biliar, e uma tomografia de abdômen, que discriminou hepatomegalia às custas do lobo esquerdo (variante anatômica) e vesícula biliar não visualizada. Após isso, a agenesia de vesícula biliar foi ratificada via colangioressonância magnética. Logo, instituiu-se tratamento clínico para gastrite e doença do refluxo gastroesofágico, com medidas higienodietéticas e inibidor da bomba de próton.

Discussão

A agenesia de vesícula biliar é uma condição anatômica rara com incidência clínica de aproximadamente 0,09%, sendo mais comum no sexo feminino numa proporção de 3:1. Essa anomalia congênita costuma se manter assintomática na maioria dos casos, sendo apenas identificada durante a autópsia. No entanto, cerca de 50% dos pacientes podem apresentar sintomas sugestivos de cólica biliar, mimetizando uma colecistite aguda ou uma coledocolitíase. O diagnóstico por meio de métodos de imagem usuais, como a ultrassonografia, é um desafio, por esse motivo muitos pacientes acabam sendo submetidos a intervenções cirúrgicas desnecessárias. Na suspeita de ausência de vesícula biliar, exames de imagem mais sofisticados e menos invasivos, como a colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM) podem ser considerados para realizar diagnóstico, evitando assim procedimentos cirúrgicos desnecessários. As recomendações mais recentes para tratamento da agenesia de vesícula biliar costumam incluir medidas conservadoras como analgesia e uso de relaxantes musculares para alívio da dor.

Comentários finais

A agenesia de vesícula biliar é uma entidade rara e com diagnóstico desafiador, podendo se manifestar como um quadro típico de cólica biliar. Por esse motivo, deve-se suspeitar dessa condição clínica incomum quando os testes diagnósticos mais simples forem inconclusivos e não visualizarem a vesícula biliar. Métodos mais rebuscados, como a CPRM podem ser utilizados a fim de evitar cirurgias.

Palavras-Chave

Agenesia; Vesícula Biliar; Colangiopancreatografia por Ressonância Magnética.

Área

Gastroenterologia - Pâncreas e Vias Biliares

Autores

Fabiana Cabral de Oliveira, Lucas Lobo Trigueiro, Luana Honorato Gomes, Beatryz Rodrigues Alves Batista, Laryssa Marques Pereira Crizanto, Fábio Kenedy Almeida Trigueiro