Dados do Trabalho
Título
A embolização seletiva da artéria gastroduodenal no tratamento da hemorragia digestiva: um relato de dois casos.
Apresentação do Caso
Caso 1: masculino, 59 anos, hipertenso, tabagista, ex-etilista, internou por melena e hematêmese associada à instabilidade hemodinâmica e queda de hemoglobina. Na endoscopia digestiva alta (EDA), verificou-se úlcera duodenal (UD) com vaso visível. Realizou-se terapia com substância esclerosante (1 ml de álcool absoluto). Após 24 horas, o paciente apresentou novo episódio de melena e queda de hemoglobina. Nova EDA demonstrou UD com sangramento ativo. Foi realizada tentativa de hemostasia térmica com coagrasper, sem sucesso. Paciente evoluiu com choque hipovolêmico e ventilação mecânica. Devido à refratariedade do tratamento, realizou-se embolização seletiva da artéria gastroduodenal com resolução da hemorragia digestiva (HD). Paciente evoluiu com melhora hemodinâmica e ventilatória, recebendo alta hospitalar. Caso 2: masculino, 78 anos, tabagista, interna por hematêmese volumosa com evolução para parada cardiorrespiratória (PCR) por hipovolemia logo após a admissão na emergência. Após 18 minutos de reanimação, apresentou retorno da circulação espontânea, porem ainda com instabilidade. Na EDA, observou-se úlcera na transição do bulbo para D2 com coágulo aderido e pequeno volume de sangramento ativo. Considerando a instabilidade e o sangramento ativo, optou-se pela embolização seletiva da artéria gastroduodenal. Após, o paciente evoluiu com estabilidade hemodinâmica e resolução do sangramento. Durante a internação, verificou-se isquemia de sistema nervoso central relacionada ao tempo de PCR, com sequelas neurológicas irreversíveis. Evoluiu com pneumonia bacteriana nosocomial e óbito.
Discussão
O tratamento de primeira escolha para a HD por UD é a hemostasia endoscópica e, para casos de refratariedade, a cirurgia deve ser considerada. Entretanto, a cirurgia é invasiva e de alto risco para alguns pacientes. Nesses casos, a embolização arterial da gastroduodenal é uma alternativa, já que há suprimento colateral para o estômago e duodeno. A vantagem desse procedimento é a redução de riscos, com resultados favoráveis quando comparados aos da cirurgia. No entanto, ainda é necessário definir com maior precisão os critérios clínicos para a realização deste procedimento.
Comentários finais
As situações de risco à vida decorrentes da HD por UD alertam para a necessidade de avaliação detalhada do planejamento terapêutico, sempre levando em conta a experiência do serviço, as evidências disponíveis e a característica de cada paciente.
Palavras-Chave
Hemorragia digestiva, embolização, gastroduodenal
Área
Gastroenterologia - Estômago/Duodeno
Autores
Maria Antônia Bertuzzo Brum, Lucas Montiel Petry, Sofia Augustin Rota, Maria Eduarda Parisotto Wisintainer, Natália Junkes Milioli, Carlos Kupski, Eduardo Emerim, Gabriel Stefani Leão