XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Sangramento anal maciço por melanoma maligno do canal anal – relato de caso

Apresentação do Caso

Paciente feminina, 71 anos, submetida a hemorroidectomia em serviço externo, cujo anatomopatológico da peça cirúrgica revelou melanoma anal. Foi encaminhada para seguimento oncológico. Ao exame apresentava fibrose do canal anal, sem sinais de recidiva. O estadiamento evidenciou focos de doença à distancia. Indicado terapia sistêmica paliativa pela equipe de oncologia. Apesar do tratamento proposto, a paciente evoluiu com progressão da doença. Após 4 meses de tratamento clínico, passou a apresentar sintomas de obstrução intestinal, com necessidade de enemas retais de repetições. Apresentou hemorragia anal maciça com repercussão clínica importante, com pouca resposta as medidas clínicas, após manipulação anal. Foi internada para compensação clínica, sem sucesso, sendo optado pela cirurgia para ressecção da massa tumoral no reto. Submetida à amputação abdominoperineal do reto, que transcorreu sem intercorrências. O anatomopatológico confirmou do diagnóstico de melanoma maligno do canal anal com invasão do reto. Teve boa recuperação e recebeu alta após sete dias de cirurgia. Atualmente se encontra em tratamento clínico exclusivo e paliativo.

Discussão

O melanoma maligno corresponde a menos de 4% dos tumores anorretais e menos de 1% dos melanomas. Origina-se do epitélio escamoso do anus e acomete mulheres com maior frequência. O sangramento anal é o principal sintoma, associado a dor e nodulação anal, que costuma ser confundido com as manifestações da doença hemorroidária, o que leva a atraso no diagnóstico e na instituição do tratamento definitivo. A cirurgia é a base do tratamento e a excisão local ampla combinada com radioterapia loco-regional adjuvante deve ser preferida quando tecnicamente viável. Já a abdominoperineal do reto é reservada para pacientes com grandes massas tumorais ou naqueles em que o esfíncter anal está envolvido, podendo ser associada à terapia adjuvante. Na presença de complicações, como a hemorragia refratária, a amputação também pode ser utilizada. Estudos mostram que o tumor é pouco responsivo a neoadjuvância. A despeito dos avanços terapêuticos, o prognóstico é ruim e a sobrevida média em 5 anos não costuma ultrapassar 10% nos casos avançados.

Comentários finais

O melanoma maligno do canal anal é doença rara e altamente letal. Na presença de metástases, o tratamento clínico é a primeira opção, exceto nos casos que apresentam complicações como no caso descrito, em que a necessidade de intervenção deve ser avaliada pelo cirurgião.

Palavras-Chave

Melanoma do canal anal; Neoplasias do canal anal; Amputação abdomino-perineal; Sangramento anal;

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

STHEFÂNIA MENDONÇA FRIZOL, MARLEY RIBEIRO FEITOSA, ROGÉRIO SERAFIM PARRA, JOSÉ JOAQUIM RIBEIRO DA ROCHA, OMAR FERES, LETÍCIA CANJEMI ARAUJO, ALANA PADILHA FONTANELLA, FERNANDA DE OLIVEIRA ESTEVES, GERMANA MARTINS GOMES, MARIA JÚLIA SEGANTINI