Dados do Trabalho
Título
Pólipo Hipertensivo Portal Gigante: um relato de caso sobre manejo endoscópico e suas complicações
Apresentação do Caso
Homem 60 anos, cirrótico por hepatite C tratada em 2018, com resposta virológica sustentada, Child-Pugh A6. Desde 2019, em uso de propranolol e anticoagulação com Varfarina por trombose aguda de tronco portal.
Realizadas endoscopias desde 2017 com pólipo séssil lobulado, único, em antro gástrico. Sucedeu-se duas polipectomias e uma mucosectomia, com recorrência em exames subsequentes. Laudo histológico revelava pólipo hiperplásico, tecido de granulação em lâmina própria e ectasia vascular gástrica antral, sem atipias. Em 2021, com lesão medindo 5cm e risco de obstrução de piloro, optado por nova mucosectomia piecemeal, após suspensão da Varfarina e ponte com heparina de baixo peso molecular. Evoluiu com hematêmese um dia após. Em exame controle, visualizado coágulo aderido em leito de ressecção. Realizada sua remoção com visualização de coto vascular, seguido de terapia hemostática com clipe e adrenalina. À revisão, realizada eletrocauterização do leito cruento com plasma de argônio, sem recorrência de sangramentos. Laudo anatomopatológico revelou adenoma túbulo-viloso com displasia de baixo grau.
Discussão
Dentre as repercussões da hipertensão portal (HP), a polipose hipertensiva portal (PHP) emerge como uma entidade de mecanismo patogênico ainda desconhecido.
Tais lesões, mais comuns no estômago, são macroscopicamente indistinguíveis dos pólipos hiperplásicos. Histologicamente, suas características típicas incluem hiperplasia foveolar do epitélio e proliferação de capilares ectasiados na lâmina própria. Presença de displasia e malignidade não é descrito.
Apesar da maioria ser assintomático, podem estar relacionados à obstrução gástrica e sangramentos digestivos. A recorrência pós ressecção é relatada.
Dado o possível papel da HP na patogênese do PHP, alguns estudos sugerem o uso de betabloqueador como opção terapêutica. Quanto ao manejo endoscópico, alguns autores recomendam seguimento dos assintomáticos. Outros, por sua vez, orientam remoção dos maiores que 5mm, por risco de malignização ainda ser desconhecido. No caso descrito, apesar de inicialmente ter achados típicos de PHP, o último laudo histológico identificou atipia, sendo o primeiro relato na literatura de displasia associada a PHP.
Comentários finais
Este relato exemplifica um dos possíveis manejos endoscópicos e suas complicações. Estudos futuros são necessários para melhor caracterizar os mecanismos fisiopatológicos, risco de malignidade e necessidade de intervenção terapêutica para prevenção de complicações graves no PHP.
Palavras-Chave
Pólipo hipertensivo portal; hipertensão portal; manejo;
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
Ingrid Medeiros de Figueiredo, Amanda Lima Bruno, Marília Galvão Cruz, Cláudio Lyoiti Hashimoto, Daniel Ferraz de Campos Mazo, Andrea Tiemy Yamada