XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Duplicidade de vesícula biliar como achado perioperatório

Apresentação do Caso

Mulher, 34 anos de idade, com dor biliar, sem complicações prévias. Na ultrassonografia foi visualizada a vesícula biliar com cálculos, sem dilatação de vias biliares; a tomografia realizada, previamente, em contexto de dor abdominal não demostrava alterações.
Foi submetida a colecistectomia videolaparoscópica e diante da suspeita peroperatória de vesícula biliar duplicada optou-se pela realização de colangiografia que demonstrou dois ductos císticos que se fundiam antes de sua junção com o colédoco e que compartilhavam uma artéria cística. A paciente evoluiu sem intercorrências, com alta no primeiro dia pós-operatório.

Discussão

A duplicidade de vesícula biliar faz parte de um grupo de variações anatômicas relacionadas à organogênese anormal dos ductos biliares. A classificação mais utilizada é a de Harlaftis modificada, que divide esta condição em 4 tipos.
O presente caso é o tipo 2 de Harlaftis com formato em Y (Y-shaped) com duas vesículas biliares e dois ductos císticos que se fundem antes da junção com a via biliar principal.
Entre 24% a 50% dos pacientes não têm o diagnóstico de duplicidade de vesícula biliar no pré-operatório, à semelhança do presente caso, o que melhoraria a programação cirúrgica e minimizaria a probabilidade de lesões iatrogênicas. Em casos sem diagnóstico pré-operatório, a dissecção cuidadosa, seguindo os passos para colecistectomia segura, a suspeição para a variação anatômica e a realização de colangiografia intra-operatória permitem o diagnóstico na maioria das vezes. Mesmo assim, o diagnóstico pode passar despercebido e o paciente pode vir a necessitar de reoperação no futuro.

Comentários finais

O diagnóstico pré-operatório de duplicidade de vesícula biliar é examinador dependente. Em casos suspeitos deve-se realizar a colangiorressonância para melhor definição anatômica e identificação do número de vesículas biliares e do trajeto do(s) ducto(s) cístico(s). Estas medidas reduzem o risco de complicações intra-operatórias e reoperação. O cirurgião e o radiologista devem estar atentos a este diagnóstico pois o alto índice de suspeição favorece melhores resultados.

Área

Cirurgia - Miscelânea

Autores

Gustavo Costa Marques Lucena, Guilherme Seronni, Sergio Henrique Navarro Junior, Thiago Henrique Sigoli Pereira, Jorge Carnesecca, Victor Antônio Peres Alves Ferreira Avezum, Rafael Kemp, Ajith Kumar Sankarankutty, José Sebastião dos Santos