Dados do Trabalho
Título
LESÃO DA VESICULA BILIAR NO TRAUMA ABDOMINAL FECHADO, UM DESAFIO DIAGNÓSTICO.
Apresentação do Caso
G.V.F, 56 anos, homem, sem outras comorbidades conhecidas ou antecedentes cirúrgicos prévios.
Da entrada após colisão frontal auto x auto em alta velocidade, usando cinto de segurança. Referindo dor abdominal difusa, ao exame físico apresentava dor abdominal a predomínio do hipocôndrio direito, sem sinais de irritação peritoneal. Exames iniciais evidenciaram queda discreta da hemoglobina, aumento de transaminases. A TC de abdome apresentou sinais de liquido livre perihepático, esplênico e nas goteiras parietocólicas, contendo material denso, sugestivo de hemoperitônio e presença de alguns rastilhos metálicos na topografia do hipocôndrio direito, sem outras alterações nos órgãos intra-abdominais. Após 48 horas estabilizaram-se os níveis de hemoglobina e transaminases, porém com persistencia da dor, assim como aumentou o liquido livre com maior evidencia dos rastilhos metálicos. Indicamos a laparotomia que evidenciou saída de abundante quantidade de liquido bilio-hemático, com perfuração da vesícula biliar no fundo, com saída de cálculos no hipocôndrio direito e laceração hepática menor de 1 cm, adjacente ao leito vesicular. Sendo realizada a cauterização da lesão hepática, extração dos cálculos da cavidade abdominal, seguido de colecistectomia com drenagem da cavidade. Não se evidenciaram outro tipo de lesões de outros órgãos, nem das vias biliares extra-hepáticas. Paciente permaneceu sem intercorrências pós-operatórias.
Discussão
A lesão traumática da vesícula biliar é rara. Sua incidência geral varia de 0,8 a 2,1% em pacientes com algum tipo de traumatismo abdominal. Quando por causa de trauma abdominal fechado o quadro clínico é insidioso. A presença de bile estéril na cavidade peritoneal causa irritação discreta. Um alto índice de suspeita é necessário para fazer o diagnóstico na fase inicial. Por isso o diagnóstico é geralmente feito somente no intraoperatório. A presença de lesões associadas é comum nesses tipos de trauma, sendo a hepática a mais comum.
A tomografia de abdome com contraste foi uma ferramenta fundamental para o diagnóstico deste caso, já que mostrou evidencias de hemoperitônio, sem outras alterações, que juntamente com o fato do paciente não ter ciência que era portador de litíase vesicular foi um desafio no diagnóstico deste quadro.
Comentários finais
A avaliação conjunta e seriada do mecanismo de trauma, apresentação clínica, exames laboratoriais e exames de imagem foram fundamentais para à indicação cirúrgica precoce deste caso. Assim como à alta suspeita clinica
Área
Cirurgia - Miscelânea
Autores
EDUARDO PATRICIO CANO HUACHIN, CIBELLE MARION BERTOLLI, RAFAEL PEDROZA CORTES MARQUES, MARIANA FRANCO BARBOSA, LAIS SOARES FERRARI, CRISTAL GEOVANA BARUFF BRITTO CUNHA, BRUNA LUSTOSA FERREIRA