Dados do Trabalho
Título
Hemorragia digestiva por melanoma metastático: relato de caso
Apresentação do Caso
I.M.C, feminino, 77 anos, com diagnóstico prévio de cardiopatia isquêmica e melanoma cutâneo em região escapular à esquerda, diagnosticado e ressecado há 2 anos. Estava em uso regular de Ácido Acetilsalicílico e Ticagrelor. Buscou atendimento por episódios de hematêmese e melena. A Hb na admissão era 7,2. A endoscopia digestiva evidenciou no fundo e corpo do estômago lesões de coloração negro-violáceas, contornos circulares regulares e bordos elevados. Na base das lesões descritas havia coágulo firmemente aderido. Na segunda porção duodenal também foram observadas lesões com características semelhantes. O resultado do estudo anatomopatológico evidenciou melanoma maligno pigmentado em mucosa gástrica e duodenal. A terapia com antiagregante plaquetário foi suspensa e a transfusão de concentrado de hemácias foi realizada. A paciente evoluiu sem novos episódios de hemorragia digestiva e foi encaminhada para início de quimioterapia.
Discussão
A hemorragia digestiva tem uma incidência de 100 casos por 100.000 habitantes por ano e é uma causa comum de hospitalização. As causas mais comuns são varizes esofágicas ou úlcera péptica. A neoplasia no estômago é uma causa menos comum e geralmente se deve ao adenocarcinoma primário. O trato gastrointestinal também pode ser um local acometido por metástases; no entanto, o melanoma maligno é uma causa relativamente rara de sangramento gastrointestinal, sendo responsável por menos de 3% dos casos. Quando acomete o trato gastrointestinal, o intestino delgado costuma ser o mais envolvido; as metástases gástricas, por outro lado, são mais raras. O acometimento gástrico tem prognóstico negativo em decorrência do diagnóstico tardio, o qual acontece devido à necessidade de realização de exames invasivos para a confirmação diagnóstica e à falta de especificidade dos sinais e sintomas. A paciente em questão, apresentou hemorragia digestiva alta com importante queda de hemoglobina. Mesmo reconhecendo o prognóstico ruim, o adequado diagnóstico endoscópico, histopatológico e o tratamento clínico permitiram a paciente ter alta hospitalar e planejamento quimioterápico.
Comentários finais
O melanoma é o tumor que mais frequentemente apresenta metástases no trato gastrointestinal, entretanto consiste em uma causa rara de hemorragia digestiva. Os profissionais que realizam endoscopia devem estar proficientes na caracterização e reconhecimento dessas lesões.
Palavras-Chave
Hemorragia digestiva, melanoma, endoscopia
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
Vinícius Wietholter, Carolina Boeira Soares, Alexandre Pereira de Souza Michel, Eloisa Elena Xavier de Oliveira Ligoski, Laura de Castro e Garcia, Carlos Kupski, Eduardo Emerim, Gabriel Stefani Leão