XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

COVID-19 E ENDOSCOPIA DIGESTIVA, O QUE FOI PERDIDO E QUANDO VAMOS NOS RECUPERAR? ANÁLISE DOS IMPACTOS DA PANDEMIA NA REALIZAÇÃO DE EXAMES ENDOSCÓPICOS PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) NOS ÚLTIMOS 60 MESES E ESTUDO DE MODELAGEM DE CENÁRIOS FUTUROS

Introdução

No final de 2019, o primeiro diagnóstico da doença causada pelo SARS-CoV2 foi documentado, com a decretação da pandemia pela OMS em março de 2020, trazendo emergência sanitária e econômica global. O primeiro caso do Brasil foi registrado em fevereiro de 2020. Seguiram-se “lockdowns” e novas políticas sanitárias. A endoscopia digestiva foi impactada de forma importante, tanto em relação a novos padrões de biossegurança, quanto na redução dos exames.

Objetivo

Avaliar os impactos da pandemia na realização de exames endoscópicos pelo SUS e projetar cenários de recuperação por regiões e no país.

Método

Dados de realização de exames nos últimos 60 meses foram obtidos no DATASUS e dados demográficos pelo IBGE. Informações foram tabuladas no EXCEL® e estratificadas por sexo, faixa etária e regiões do país. Regressão logística para cálculo de tendência temporal foi feita pelo software JOINPOINT® 4.8.0.1. Projetou-se o crescimento mensal dos exames caso não houvesse pandemia e o déficit ocorrido. Cenários de recuperação foram estimados com algoritmos, caso fosse possível atingir o dobro e o quádruplo da aceleração observada no período pré-pandemia. A taxa de realização mensal de exames por 100 000 habitantes foi calculada. Um valor de p<0.05 foi considerado estatisticamente significativo.

Resultados

Antes da pandemia, observou-se aumento linear na realização de endoscopias digestivas altas (EDA) e colonoscopias, com variações percentuais mensais (VPM) de 0.4% (IC 95% 0.2 a 0.6, p<0.001) e 0,85% (IC 95% 0.6 a 1.0, p<0.001) respectivamente. Com a pandemia houve queda na realização dos exames, com um acumulado de perdas de 35% (571 180) para EDA e 31% (174 106) para colonoscopias. Todas as variações foram estatisticamente significativas. Foi possível avaliar quais regiões performaram mais exames por habitantes. Sudeste manteve as maiores taxas, enquanto houve mudança na dinâmica entre as demais regiões. Mulheres mantiveram taxas ajustadas 2 vezes maiores que homens, independente do período avaliado. O algoritmo matemático desenvolvido estimou a recuperação de perdas de EDA em 78 meses com aceleração quadruplicada e 204 meses com aceleração dobrada e para colonoscopias as estimativas de recuperação foram de 38 e 95 meses, respectivamente.

Conclusões

A redução na realização de exames endoscópicos por ocasião da pandemia foi significativa. A estimativa de recuperação pode chegar a 204 meses com potencial de elevação de incidência e mortalidade por doenças preveníveis, gerando grande impacto econômico e sanitário.

Palavras-Chave

ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA, COLONOSCOPIA, COVID-19, IMPACTOS DA PANDEMIA

Área

TCC – Centro de Treinamento - Miscelânea

Autores

SANDRO BATISTA ANDRADE JÚNIOR, FRANCELLY ALVES NASCIMENTO, FANNY GONÇALVES MORAIS LEITE, AMÉRICO OLIVEIRA SILVÉRIO, MARCOS MACEDO MARTINS NETO, DANIELA MEDEIROS MILHOMEM-CARDOSO