XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Tumor neuroendócrino ileal e isquemia mesentérica: um relato de caso

Apresentação do Caso

Homem, 50 anos, hipertenso, apresentando crises de dor em flanco direito e diarreia crônica, com enterotomografia evidenciando espessamentos parietais ileais, lesão nodular mal definida em adrenal esquerda e linfonodomegalias mesentéricas, suspeitando-se de tumor neuroendócrino (TNE) gastrointestinal. O PET-Scan com 68Ga apontou áreas focais de realce do marcador em jejuno distal e íleo proximal; sendo então realizada enterectomia, com estenose do segmento ressecado, e confecção de anastomose íleo-ileal término-terminal. O estudo anatomopatológico detectou carcinoma neuroendócrino bem diferenciado multifocal infiltrado na muscular própria e metástase para 8 dos 9 linfonodos dissecados (estadiamento pT2pN3). No 5º dia de pós-operatório o paciente evolui com isquemia mesentérica aguda (IMA) sendo realizada segunda enterectomia. O paciente evoluiu com choque séptico refratário e foi reabordado devido a isquemia de epíplon. Apesar do suporte clínico intensivo e dos esforços da equipe multiprofissional envolvida no caso, o paciente evoluiu a óbito.

Discussão

Os TNEs são tumores de prevalência crescente, mais comuns no trato gastrointestinal, com sintomatologia inespecífica, como diarreia e dor abdominal. Seu diagnóstico anatômico engloba ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Já no diagnóstico funcional, destaca-se o PET-SCAN, capaz de identificar receptores de somatostatina, muito prevalentes nas células de TNEs gastrointestinais, especialmente se bem diferenciados. A Cromogranina A é um marcador, ao mesmo tempo sensível e específico, cuja dosagem se correlaciona com o volume e com o prognóstico do tumor. A ressecção dos TNEs ileais primários, sempre que possível, é ainda a principal terapêutica nesta doença, contudo a evolução para um quadro de IMA suscita a possibilidade de que mediadores inflamatórios característicos destes tumores provoquem dano tecidual e vascular.

Comentários finais

A descoberta sobre o estado pró-inflamatório neoplásico, principalmente metastático, somada às complicações cirúrgicas como a sepse peritoneal contribuem para desenvolvimento de IMA. Com isso, os TNEs reconhecidos por intensa reação fibrótica mesentérica somada a síndrome carcinoide e trauma cirúrgico podem piorar o prognóstico do quadro. Fazem-se necessários mais estudos para aperfeiçoamento e validação científica da conduta diagnóstica e terapêutica destes casos.

Palavras-Chave

Tumor; neuroendócrino; gastrointestinal; isquemia mesentérica; enterectomia

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

Matheus Saiter Nonato, Brunella de Azeredo Freitas, Natália Miranda Gava, Yasmim Costa Gomes, Mariana Macedo Cerqueira, Edson Ricardo Loureiro, Fernando Henrique Rabelo de Abreu dos Santos