XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Terapia endoscópica com vácuo endoluminal no tratamento de perfuração esofágica por corpo estranho: um caso realizado em sessão única.

Apresentação do Caso

Paciente masculino, 80 anos, referia disfagia, náuseas e vômitos há 48 horas, logo após ingesta alimentar. Apresentava sensação de impactação. Tomografia computadorizada de região cervical constatou um objeto alongado de alta densidade, medindo 2,9 centímetros, transfixando a parede esofágica esquerda com pequeno foco gasoso paraesofágico, bem como infiltração dos planos adiposos cervicais profundos e do mediastino superior. Optou-se por uma endoscopia digestiva alta (EDA), com retirada do fragmento ósseo com auxilio de overtube e pinça dente de rato. Após a retirada, identificou-se área ulcerada profunda, medindo cerca de 15 mm de diâmetro, localizada aos 18 cm da arcada dentária superior. Devido ao alto risco cirúrgico do paciente, foi realizada terapia endoscópica com vácuo endoluminal com passagem de sonda nasoenteral e sonda nasogástrica com curativo de pressão negativa utilizando esponja Granufoam, mantendo uma pressão negativa média de -125 mmHg. Após o procedimento, o paciente manteve dieta nasoenteral e foi submetido à nova EDA após 5 dias, havendo redução da área ulcerada, apenas com pequena área com fibrina aderida e sem perfuração evidente. No dia posterior ao exame o paciente retornou a dieta por via oral e recebeu alta hospitalar.

Discussão

Cerca de 4% das endoscopias em emergência ocorrem por impactação de corpo estranho, sendo que 12% causam perfurações de esôfago, com uma mortalidade de 2,1%. A cirurgia é o tratamento tradicional, porém, técnicas endoscópicas são importantes para pacientes que são candidatos cirúrgicos ruins, por serem pouco invasivas. Na terapia endoscópica a vácuo, uma esponja de poliuretano, fixada na ponta distal de uma sonda nasogástrica, é introduzida no esôfago e posicionada na cavidade, sendo a extremidade proximal conectada a um sistema de pressão negativa de -125 mmHg para aplicar a sucção. A indicação mais comum para a terapia endoscópica a vácuo são os vazamentos anastomóticos pós-operatórios, entretanto o seu uso em perfurações esofágicas por corpo estranho é relatado na literatura. Nesse caso, considerando o risco cirurgico, o paciente foi submetido ao tratamento endoscópico a vácuo e apresentou melhora em sessão única.

Comentários finais

A terapia endoscópica com pressão negativa pode ser considerada como uma adequada opção terapêutica em casos selecionados de perfuração esofágica por corpo estranho, especialmente naqueles pacientes com alto risco cirúrgico e perfurações de pequeno tamanho.

Palavras-Chave

Endoscopia, perfuração, vácuo

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Carlos Augusto Treviso, Sabrina Comin Bizotto, Arthur Henrique Weiler Furlanetto, Victória Scheffer Lumertz, Lucas Eduardo Gatelli, Priscila Cavedon Fontana, Ari Ben-hur Stefani Leão, Gabriel Stefani Leão