XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Colecistite aguda causada por perfuração de cólon transverso por corpo estranho - Relato de Caso

Apresentação do Caso

J.S., 51 anos, masculino, encaminhado ao hospital por quadro de dor em hipocôndrio direito com início há 5 anos, associado a febre e hiporexia. Sem alterações em fezes ou urina. No momento da admissão paciente apresentava abdome globoso, com dor à palpação superficial em hipocôndrio direito e com presença do sinal de Murphy, internado devido a suspeita de colecistite. Optado em realizar Tomografia Computadorizada de Abdome Total devido a maior disponibilidade no serviço, evidenciando borramento de gordura perivesicular e coleção em região subhepática. Devido às alterações encontradas optou-se pela realização de laparotomia com incisão subcostal direita. Durante ato operatório visualizado bloqueio em vesícula biliar, com presença de corpo estranho (palito de dente) perfurando vesícula biliar, segmento hepático V e cólon transverso em ângulo hepático. Realizada colecistectomia, retirada de corpo estranho do fígado e rafia do cólon no local de orifício de saída do corpo estranho seguido de encaminhamento da peça para anatomopatológico (AP) que evidenciou colecistite aguda gangrenada. Paciente evoluiu com melhora do quadro clínico no 1º pós operatório, sendo encaminhado para acompanhamento ambulatorial após alta hospitalar.

Discussão

A ingestão de corpo estranho (CE) em adultos é considerada rara quando em comparação com a população pediátrica, sendo que em 95% dos casos a ingestão é considerada acidental e geralmente está relacionada com a alimentação. Em adultos, quando ocorre, é também relacionada com alcoolismo e doenças psiquiátricas. A maioria dos casos de ingestão de CE (80% - 90%) resolve-se sem a necessidade de intervenção. Endoscopia digestiva é necessária em 10 a 20% dos casos, enquanto o tratamento cirúrgico em apenas 1%. A presença de corpo estranho perfurando o trato gastrointestinal e a vesícula biliar causando um quadro de colecistite é raro e pouco descrito na literatura e, quando ocorre, a perfuração costuma ser no estômago ou duodeno.

Comentários finais

Enquanto que a maioria dos casos de ingestão de CE resolve-se espontaneamente, os casos que apresentam complicações demonstram-se um desafio diagnóstico devido a dificuldade em identificar o objeto através dos exames de imagem. O presente trabalho auxilia em recordar a importância de considerar este diagnóstico diferencial em casos de dor abdominal mesmo que exames de imagem não sejam capazes de detectá-los dependendo de sua composição, além de reportar uma apresentação de perfuração em sítío atípico

Palavras-Chave

Corpo estranho, colecistite, perfuração intestinal

Área

Cirurgia - Miscelânea

Autores

Luísa Zanatelli Brasil Bastos, Amadeu Andre Soberanski, Marina Boff, Emanuely Freyhardt, Victoria Langer Cechin, Jefferson Cleber De Augustinho, Rafael Gustavo Pucheta Boccia, Alexandre Coltro