Dados do Trabalho
Título
Síndrome De Heyde: Relato de Caso
Apresentação do Caso
Paciente sexo feminino, 90 anos, queixa de dor precordial crônica que piorou nas últimas 24 horas. Paciente é hipertensa, diabética e portadora de estenose aórtica (EAo). Ao exame físico, hipocorada, dados vitais normais. Exame do precórdio mostrou sopro holossistólico em borda esternal esquerda, irradiação cervical. Exames laboratoriais mostravam hemoglobina 7g/dL, VCM normal, ferropenia, vitaminas normais. Propedêutica para doença celíaca negativa. Sem história prévia de anemia, dor abdominal ou exteriorização de sangramento. Excluídas outras causas de sangramento através de ultrassom endovaginal e tomografia de abdome. Ecocardiograma com achado de dupla lesão aórtica, estenose grave, área valvar de 0.5. Endoscopia Digestiva Alta sem evidência de sangramento. A Colonoscopia mostrou 2 angiectasias no cólon ascendente; feito injeção de solução salina na submucosa e hemostasia térmica. A presença de angiectasias no cólon, associada a EAo, sugere Síndrome de Heyde (SH). A paciente recebeu hemotransfusão e reposição de ferro endovenoso. Submetida a implante percutâneo transcutâneo de valva aórtica (TAVI). Manteve estabilidade hematimétrica e recebeu alta hospitalar.
Discussão
A SH consiste na associação de sangramento gastrointestinal (SGI) por angiodisplasia (AD) e EAo. Mais comum em idosos, as AD envolvem qualquer segmento intestinal. Com a passagem do fator de von Willebrand (fvW) pela valva estenosada, há lise dos multímeros de alto peso molecular (MAPM) do fvW pela protease ADAMST13. Esses MAPM são moléculas importantes para a adequada hemostasia mediada por plaquetas e, com a lise, tornam-se menos competentes para hemostasia. Evidências sugerem que o fvW também desempenha um papel na manutenção da integridade vascular. Logo, essa proteólise pode contribuir para o desenvolvimento da AD. Além disso, a EAo gera diminuição da perfusão gastrointestinal e leva à dilatação de vasos sanguíneos induzido por hipoxemia e ao desenvolvimento de vasodilatação fixa com consequente formação de AD. O tratamento de escolha é a troca da valva aórtica. A TAVI demonstrou ótimos resultados e está se tornando o método preferido de substituição da valva. A troca valvar reduz a recorrência de SGI em comparação à intervenção endoscópica ou cirúrgica do intestino.
Comentários finais
A SH é uma patologia rara que deve ser suspeitada em idosos com SGI e EAo. O diagnóstico correto permite a terapia em tempo hábil, que consiste em reparo adequado da valva aórtica.
Palavras-Chave
Síndrome de Heyde, estenose aórtica, angiodisplasia
Área
Gastroenterologia - Intestino
Autores
Luana Antunes Silqueira Neves, Juliana Papatella Araújo, Régis Suwa Marques, Camila Guimarães Ribeiro de Moraes, Bruna Pereira França, Sarah Teixeira Dantas, Elisa Maria Reis dos Santos, Eduardo Antônio Vilaça Duarte, Nathália Simões Fernandes Campos, Maria Luiza Maria Luiza Costa Pinto