Dados do Trabalho

Título

Colangite esclerosante pós-Covid 19

Apresentação do Caso

MSP, masculino, 66 anos, hipertenso e diabético, apresentou síndrome respiratória aguda grave por Covid-19 em dezembro de 2020, com necessidade de terapia intensiva, corticoide, antibióticos e ventilação mecânica por 13 dias. Após a alta hospitalar manteve-se muito astênico e, quatro meses depois, apresentou quadro colestático, com prurido, icterícia e fadiga extrema, sendo reinternado. Laboratorialmente, apresentava hiperbilirrubinemia e aumento de expressivo de transaminases e enzimas canaliculares. Colangiorresonância evidenciou múltiplos pontos de estenose das vias biliares intra-hepáticas, com segmentos dilatados a montante. Pesquisa de autoanticorpos e sorologias para hepatites virais foram negativas. A biópsia evidenciou colestase acentuada, plugs biliares, infiltrado inflamatório nos espaços-porta, com colangite, hipotrofia ductal e extensa reação ductular, bem marcada pela citoqueratina-7. A tentativa de tratamento, inicialmente com corticoide e depois com ácido ursodesoxicólico, foi infrutífera e o paciente faleceu um mês após a reinternação.

Discussão

Por expressar fortemente a enzima conversora de angiotensina II, o epitélio biliar é potencialmente muito sensível à inflamação causada pelo coronavírus. Os primeiros relatos de caso de colangite esclerosante pós-Covid 19 têm surgido e acredita-se que a destruição ductal que se vê em alguns pacientes que sobrevivem à Covid grave seja fruto de do efeito citopático direto do vírus e da tormenta inflamatória sistêmica gerada por ele.

Comentários finais

O conhecimento sobre a “síndrome pós-Covid” está em construção e o relato de casos bem documentados é essencial para consolidar essa nova entidade patológica, que não é apenas a “colangite do doente crítico”, mas a colangite esclerosante pós-Covid 19.

Palavras-Chave

Colangite esclerosante covid19