Dados do Trabalho

Título

DOENÇA DO ENXERTO CONTRA HOSPEDEIRO: UM RARO CASO DE MANIFESTAÇÃO ESOFÁGICA

Apresentação do Caso

Apresentamos um caso clínico de um paciente de 49 anos do sexo masculino submetido a realização de videoendoscopia digestiva alta eletiva de controle 1 ano após a realização de transplante de medula óssea para tratamento de leucemia mieloide aguda. Sem registro de exames endoscópios anteriores e sem sintomas associados ao trato gastrointestinal alto.
Durante o procedimento visualizadas lesões descamativas em todo o esôfago com hiperemia e áreas de retração cicatricial, sem padrão definido. Realizadas biópsias, com resultado anatomopatológico evidenciando congestão dos capilares superficiais, aglomerados de cones epiteliais e exocitose leucocitária discreta, compatível com esofagite inespecífica.
O paciente manteve seguimento com equipe de hematologia, sendo iniciado tratamento com imunomoduladores.

Discussão

A doença do enxerto contra o hospedeiro tem uma incidência que varia entre 20 e 85% e é decorrente de uma reação imunológica das células T do doador contra antígenos específicos do receptor que pode ocorrer após transplantes alogênicos, principalmente transplantes de medula e, mais raramente em transplantes de órgãos sólidos. Os órgão mais afetados normalmente são o fígado (45%), a pele (70%) e o trato-gastrointestinal (75%). Os sintomas gastrointestinais em geral são inespecíficos ou ausentes, podendo haver diarreia ou dispepsia, principalmente em pacientes mais idosos. E, apesar de raras, as manifestações esofágicas isoladamente são suficientes para estabelecer o diagnóstico da doença em sua forma crônica, segundo os critérios do National Institutes of Health (NIH) que acomete aproximadamente 50% dos pacientes que desenvolvem tal patologia. As biópsias normalmente são inconclusivas e inespecíficas mas devem sempre ser encorajadas, principalmente para diagnóstico diferencial.

Comentários finais

Na literatura existem poucos trabalhos retratando a doença do enxerto contra o hospedeiro manifestada a partir de alterações esofágicas e, apesar de raras, essas alterações são suficientes para estabelecer o diagnóstico dessa condição. Muitas vezes os sintomas são ausentes ou inespecíficos e as alterações endoscópicas encontradas podem mimetizar outras comorbidades, o que dificulta e retarda o diagnóstico dessa condição.
Assim, torna-se fundamental termos em mente a existência dessa entidade e a considerarmos como uma hipótese diagnóstica em pacientes transplantados, permitindo intervenções terapêuticas precoces.

Palavras-Chave

Doença do enxerto contra o hospedeiro (DEHc) / Esofagite / Transplante de medula óssea