Dados do Trabalho
Título
DESAFIOS DA TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA DE CROHN PEDIÁTRICA: UM RELATO DE CASO
Apresentação do Caso
Paciente do sexo feminino, 10 anos, diagnosticada há aproximadamente 8 anos com Doença de Crohn (DC) estenosante e fistulizante grave. A paciente utilizou diversos medicamentos, inclusive terapia biológica, e foi submetida à Terapia Nutricional Enteral Exclusiva (TNEE) com fórmula dietoterápica completa com TGF- β2 por 8 semanas. Seguidamente, a genitora optou por descontinuar o tratamento medicamentoso, havendo necessidade de sucessivas internações por conta da descompensação da doença. Permaneceu em uso da fórmula dietoterápica de forma parcial. Em novembro de 2020, a paciente foi admitida com DC em atividade, Infecção do Trato Urinário (ITU) e anemia. Queixava-se de diarreia, febre e incontinência fecal. Realizava seis refeições diárias, além de utilizar fórmula dietoterápica três vezes ao dia. Encontrava-se com adequado IMC/I (0,59) e baixa E/I (-2,73). A equipe de nutrição optou por prescrever uma dieta via oral, hipercalórica (≅ 150% da taxa calórica), hiperproteica, normoglicídica e normolipídica; com três horários de fórmula, que correspondia em média a 40% da oferta calórica total. Do ponto de vista clínico, houve melhora da maioria dos sintomas, mantendo muco e rajas de sangue nas fezes. Apesar da elevada oferta calórica e boa aceitação da dieta, a paciente evoluiu com perda ponderal (0,950g), permanecendo na faixa de eutrofia. Recebeu alta hospitalar no 17º dia, sendo reintroduzido o imunobiológico, após controle da ITU.
Discussão
A TNEE é indicada pelas diretrizes como primeira linha de tratamento da DC pediátrica luminal ativa, independente do tipo de fórmula ou da via de administração. Uma das principais limitações para o estabelecimento da TNEE é a monotonia alimentar, que dificulta a sua adesão, sendo um desafio para todos os envolvidos. A TNE parcial tem sido aventada como uma alternativa, contudo, ainda não há evidências concretas para sua implementação. Cabe ressaltar, que o gasto energético total eleva-se no período de recuperação da doença, assim, a utilização de suplementos nutricionais orais pode ser útil para manter ou reestabelecer o adequado estado nutricional, bem como minimizar o seu comprometimento.
Comentários finais
Embora não tenha sido identificado efeito da TNEE sobre a atividade da doença no caso supracitado, a utilização do suplemento nutricional oral a nível domiciliar (fornecida pela Secretaria de Saúde) e hospitalar parece ter contribuído para o adequado IMC/I, mesmo após perda ponderal durante o internamento.
Palavras-Chave
Doença de Crohn; Dieta; Terapia Nutricional Enteral Exclusiva
Área
Gastroenterologia - Miscelânea
Autores
Isabel Reis Oliveira Santos, Geisa Jesus Santos, Raquel Rocha, Mariana Vidal Pontes, Carolina Mello, Lara Pinheiro Arenas, Reginaldo Freitas Ferreira, Genoile Oliveira Santana Silva