XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Perfuração esofágica cervical por corpo estranho e o impacto do diagnóstico tardio: um relato de caso.

Apresentação do Caso

R.C.A., masculino, 54 anos, foi encaminhado ao serviço de endoscopia (EDA) com história de ingestão de espinha de peixe há 3 dias, apresentando dor cervical anterior, odinofagia, disfagia, hiporexia e febre. Durante o procedimento foi retirado o corpo estranho (CE) e detectada presença de secreção purulenta em esôfago proximal, sendo confirmada a PE cervical após realização de tomografia computadorizada (TC). Paciente foi encaminhado para internação hospitalar já com prescrição de antibioticoterapia de amplo espectro e em uso de sonda nasoentérica. Após 5 dias, com nova TC demonstrando presença de abscesso mediastinal, foi realizada cervicotomia direita para correção da laceração com lavagem da cavidade. Posteriormente houve recorrência da coleção, tendo sido necessário nova intervenção cirúrgica. Paciente foi encaminhado para o Centro de Terapia Intensiva com dreno cervical, onde permaneceu por 3 dias. Houve boa evolução clínica, alta hospitalar após 7 dias.

Discussão

A perfuração esofágica (PE) é uma emergência cirúrgica que apresenta sinais e sintomas vagos e inespecíficos, a depender da causa, localização, tamanho da perfuração, grau de contaminação e tempo decorrido após o trauma. Além dessa dificuldade em se identificar a lesão clinicamente, vários fatores contribuem para uma alta morbimortalidade dessa patologia, incluindo a dificuldade de acesso ao esôfago, a ausência de uma camada serosa, o suprimento sanguíneo incomum do órgão e a proximidade de estruturas vitais. O diagnóstico tardio leva a um atraso importante no tratamento, o que afeta diretamente o prognóstico do paciente.

Comentários finais

Em casos de PE nos quais o diagnóstico e tratamento são tardios, maiores complicações estão relacionadas, demandando condutas mais complexas e maior morbimortalidade. No caso em questão, o paciente foi encaminhado para EDA para retirada de CE que seria realizada 3 dias após a ingestão do mesmo, resultando em atraso diagnóstico. Dessa forma, as 24 horas iniciais, cruciais para um bom prognóstico, foram perdidas, o que acarretou uma história clínica mais complexa e de difícil manejo e resolução. Assim, este caso nos mostra a necessidade de se adotar uma abordagem diagnóstica imediata para confirmar o diagnóstico e identificar possíveis complicações relacionadas a fim de diminuir morbidade e sequelas a longo prazo.

Palavras-Chave

Perfuração esofágica; Corpo estranho; Abscesso; Diagnóstico tardio.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Thaís Ribeiro Gambogi Torres , Amanda Da Silva Dornelas , Caroline de Souza Mendes , Raquel Castro Ribeiro