XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Colangite secundária a síndrome de Lemmel: relato de caso

Apresentação do Caso

M.A.P., sexo feminino, 84 anos, Performance Status de 50% por múltiplas comorbidades, admitida com dor abdominal, icterícia há dois meses, evoluindo com febre, calafrios e vômitos. Laboratório com leucocitose e Bilirrubina de 5,2. Tomografia computadorizada e colangiorressonância sugeriram obstrução de via biliar por divertículo duodenal de 4cm, que impossibilitou acesso endoscópico à papila duodenal. Realizada abordagem cirúrgica, com achado de: vesícula biliar perfurada e com abscesso bloqueado, associada a dilatação de via biliar. Como o abscesso poderia mimetizar a imagem de divertículo duodenal, foi realizada colangiografia intraoperatória mantendo-se o padrão obstrutivo. Procedeu-se à coledocoduodenoanastomose, em virtude de idade avançada, com boa evolução e sem complicações abdominais.

Discussão

A colangite aguda é diagnosticada seguindo os critérios de Tokyo (2018), a partir de: a) inflamação, comprovada pela febre e leucocitose; b) alteração de enzimas hepáticas, como hiperbilirrubinemia; e c) dilatação de vias biliares ou fator obstrutivo à imagem.
O fator obstrutivo mais comum descrito é a coledocolitíase, existindo ainda outras causas como neoplasias e estenoses benignas (congênitas, iatrogênicas ou inflamatórias).
A obstrução de vias biliares secundária a divertículos duodenais é causa rara e recebe o nome de Síndrome de Lemmel, descrita originalmente em 1934.
Os divertículos duodenais são encontrados em 10-20% dos exames endoscópicos de rotina e são geralmente assintomáticos. Sintomas são raros e geralmente decorrente de complicações, como hemorragia, pancreatite ou perfuração. A compressão extrínseca da via biliar pelo divertículo é rara e pode evoluir com infecção e colangite. O diagnóstico pode ser feito por métodos de imagem e endoscópicos e necessita da exclusão de outros fatores obstrutivos.
Por ser condição rara, não há consenso sobre o tratamento. O manejo endoscópico com diverticulectomia ou esfincterotomia, bem como o manejo cirúrgico com desvio do trânsito biliar podem ser considerados de acordo com o risco.

Comentários finais

Síndrome de Lemmel é causa rara de icterícia obstrutiva, que deve ser incluída no diagnóstico diferencial de obstrução biliar quando um divertículo duodenal periampular é demonstrado nos exames de imagem. O caso relata a condução de paciente que evoluiu com colangite e perfuração de vesícula biliar, tendo como tratamento definitivo a coledocoduodenoanastomose, com boa evolução.

Palavras-Chave

colangite; icterícia obstrutiva; abdome agudo; divertículo duodenal.

Área

Cirurgia - Miscelânea

Autores

JOSÉ ARTHUR DANTAS BALDUÍNO, JOÃO ANTONIO AYRES DA MOTTA TEODORO, GIOVANNA DE FÁTIMA SILVA CAVALCANTI DE ANDRADE, DIEGO FABRICIO RIBEIRO, ÍTALO DE MOURA SOUSA, VINÍCIUS JOSÉ NASCIMENTO, MARCELA FERNANDA DE SALES TAVARES, RODRIGO CARTAXO ELOY DE SOUZA, JOÃO PEDRO DE MORAES FERREIRA