XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Doença de Crohn perianal iniciada em vigência de Infliximabe – Como manejar?

Apresentação do Caso

Mulher, 28 anos, com quadro de diarreia aquosa, 08 episódios ao dia, com sangue, associada síndrome consumptiva, dor abdominal em fossa ilíaca direita e alguns episódios de febre. Exame físico: abdome flácido, doloroso à fossa ilíaca direita. Colonoscopia que evidenciou mucosa ileal espessada, friável e estenose de aspecto cicatricial junto à válvula íleo-cecal, impedindo progressão do aparelho. Exame anatomopatológico com Ileíte crônica intensa, em atividade acentuada, acompanhada por ulceração e abscessos de criptas. Enterotomografia espessamento da válvula ileocecal e íleo terminal, por cerca de 7-8 cm, com edema e densificação dos planos gordurosos, compatível com processo inflamatório em atividade. Calprotectina fecal >800 mcg/g. Contato prévio com Epstein Barr, rastreio de tuberculose latente e sorologias virais negativos. Feita hipótese diagnóstica de Doença de Crohn ileal estenosante, sendo realizado profilaxia de estrongiloidíase disseminada e iniciado prednisona 40 mg por 2 semanas, seguida por desmame gradual. Devido a fatores de mau prognóstico como idade jovem e doença estenosante, optou-se por associação de azatioprina 2.5 mg/kg/dia e infliximabe 5mg/kg/dia a cada 8 semanas. Após inicio de tratamento apresentou remissão clínica sem corticoide, porém 3 meses após o início do infliximabe evoluiu com tumefação anal dolorosa com calor local e evacuações com sangue. Ressonância Magnética de pelve abscesso em fossa isquiorretal esquerda medindo 2,3 cm com sinais de processo inflamatório adjacente e presença de pequena fístula perianal interesfincteriana que se comunicava. Prescrito ciprofloxacino por 08 semanas e realizado drenagem de abscesso perianal com colocação de sedenho. Otimizado infliximabe para a cada 4 semanas. Paciente evoluiu com remissão clinica, endoscópica, radiológica e histológica.

Discussão

Paciente jovem com Doença de Crohn Ileal estenosante evoluindo com abscesso e fistula perianal após 4 meses do início de imunossupressor e imunobiológico em doses convencionais.Optado por otimização do infliximabe, antes de avaliar troca de anti- TNF ou de classe terapêutica

Comentários finais

A doença de Crohn pode evoluir com doença perianal ao longo do curso da doença em até um quarto dos pacientes. O infliximabe é eficaz no tratamento de fístulas, por isso a importância da otimização da dose antes da troca para outro anti-TNF ou outra classe terapêutica. Caso disponível, a dosagem de nível sérico da droga e de anticorpos anti-droga auxiliariam a tomada de decisão.

Palavras-Chave

Crohn, doença perianal, infliximabe, otimização tratamento

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Carla Almeida Rodolfo, Thaisa Moraes Ribeiro Espirito Santo, Fernanda Costa Azevedo, Amanda Carrera Moreno, Caio Guimaraes Araujo, Rebeca Silva Moreira Fraga, Layni Storch