XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Perfil clínico-epidemiológico dos pacientes sob risco de desenvolvimento de Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) a nível de atenção primária

Introdução

A DHGNA é uma problemática de saúde pública e se tornou a primeira causa de doença hepática no mundo, tendo a obesidade e a resistência à insulina como fatores associados. Nos últimos anos, obteve-se avanços sobre a fisiopatologia da DHGNA, sendo a esteatohepatite um estágio mais agressivo. Tal fato levou à identificação de alvos terapêuticos que, aliados à avaliação de fatores de risco associados ao desenvolvimento da DHGNA, são de suma relevância, tanto pela escassez de estudos epidemiológicos acerca do assunto como devido ao acometimento de cerca de 25% dos adultos mundialmente. Portanto, a possível identificação dos determinantes de maior risco à população permitirá a prevenção de um pior prognóstico a nível de atenção primária à saúde (APS), reduzindo casos de cirrose e de carcinoma hepatocelular.

Objetivo

Avaliar a prevalência de fatores de risco para DHGNA nos pacientes pertencentes à Unidade Básica de Saúde (UBS) de um hospital universitário.

Método

Os dados utilizados foram obtidos dos 12.054 prontuários eletrônicos de pacientes que procuraram a UBS no período entre 01/01/2015 a 18/03/2018.

Resultados

Dentre o total avaliado, 34,3% foram classificados como hipertensos e 19,2% faziam uso de medicação anti-hipertensiva. Quanto à Diabetes Mellitus, 12,2% foram diagnosticados, enquanto 6,7% utilizavam droga hipoglicemiante; porém, 34,5% da amostra apresentou glicose acima de 100 mg/dl e 24,1% hemoglobina glicada maior que 6%. A dislipidemia atingiu 40,8% da população e 13,3% usava fármaco anti-dislipidêmico. Obteve-se 1.035 pacientes dos quais se calculou o IMC, representando 10,67% dos indivíduos e, destes, 77,08% apresentavam sobrepeso.

Conclusão

Profissionais da APS não estão alertas aos múltiplos aspectos de síndrome metabólica, provocando um lapso na orientação acerca do impacto do comportamento, da genética e do metabolismo à saúde dos pacientes. Os fatores de risco para DHGNA, como a glicemia elevada, presente em um terço da amostra, o sobrepeso e a obesidade, identificados em dois terços dos indivíduos, e o perfil lipídico altamente alterado, demonstram que os pacientes do estudo configuram uma população em risco de desenvolver a doença. Além disso, fica evidente a carência de uma organização que possibilite o rastreamento da DHGNA, já que há uma falta considerável de dados de qualidade disponíveis, sendo imprescindível a melhora na estrutura dos atuais incompletos registros epidemiológicos.

Palavras-Chave

DHGNA, atenção primária

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Vitória Fedrizzi Sakai, Márcia da Silva Vargas, Patrícia Gabriela Riedel, Mário Reis Álvares-da-silva, Dvora Joveleviths