Dados do Trabalho

Título

Condiloma latum perianal: um relato de caso

Apresentação do Caso

Paciente, GMS, masculino, 43 anos, portador do vírus da imunodeficiência humana (HIV), diagnosticado em maio de 2018 e em tratamento desde novembro 2019 com TARV (Lamivudina, Tenofovir e Dolutegravir). Foi avaliado pela coloproctologia em março de 2020 devido lesão condilomatosa plana, envolvendo a região perianal em toda sua circunferência, estendendo-se lateralmente por cerca de 4 cm da borda anal. Na ocasião, apresentava-se com carga viral de 225, CD4 de 24,19% e sorologia para sífilis reagente, VDRL 1:256.
Foi optado por biopsia incisional da lesão em bloco cirúrgico sobre raquianestesia e sedação para melhor conduta. O anatomopatológico confirmou condiloma latum e foi indicado tratamento para sífilis secundária. Evoluiu com queda do VDRL e resolução completa da lesão perianal.

Discussão

Lesões perianais são um grupo de condições inflamatórias, infecciosas e neoplásicas, por vezes de difícil diagnóstico e de manejo desafiador. A característica morfológica da lesão é o ponto inicial para o diagnóstico, mas pode não ser específica. Além disso, algumas doenças apresentam-se de diferentes formas.
Lesões ou outros sintomas envolvendo o ânus podem ser facilmente confundidos com outras condições, como fissura ou hemorroida, atrasando o tratamento. Pacientes e, às vezes, alguns médicos geralmente assumem que qualquer desconforto anal pode ser atribuído a doença hemorroidária e iniciam tratamento empírico.
Deve-se sempre suspeitar de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) para evitar erros diagnósticos. Os fatores de risco incluem: múltiplos parceiros sexuais, HIV positivo ou presença de outra DST, prática sexual anal desprotegida e homens que fazem sexo com homens.
Sífilis e herpes são as mais comuns responsáveis por lesões genitais em pacientes jovens sexualmente ativos. Desta forma, diante de lesões perianais, os pacientes devem ser submetidos a testes sorológicos e biopsia.

Comentários finais

As lesões perianais possuem amplo espectro de diagnósticos diferenciais, devendo, portanto, serem avaliadas por um especialista. Por meio do exame proctológico completo (incluindo anuscopia / retossigmoidoscopia), associado a análise clínica e laboratorial, o coloproctologista é capaz de indicar a necessidade de outros exames diagnósticos, o melhor tratamento e seguimento do paciente.
Destaca-se também a importância de o médico generalista sempre manter suspeição para DSTs e realizar o exame físico proctológico para adequado manejo e encaminhamento do paciente.

Palavras-Chave

Condiloma latum, Sífilis, Lesões perianais, Doenças sexualmente transmissíveis