Dados do Trabalho

Título

Série de casos: carcinoma de células escamosas do estômago

Apresentação do Caso

1º caso: Paciente feminina, 67 anos, ex-etilista, iniciou quadro de pirose epigástrica e retroesternal há 1 ano, sem emagrecimento ou disfagia. Realizou endoscopia digestiva alta (EDA) que evidenciou lesão polipoide séssil de 2 cm, com irregularidade vascular, logo abaixo da transição esofagogástrica (TEG). A lesão foi interpretada como neoplasia da TEG, classificada como Siewert 2. A biópsia revelou carcinoma de células escamosas (CCE) de alto grau, com focos de invasão da lâmina própria da mucosa. 2º caso: Paciente feminina, 51 anos, ex-etilista e ex-tabagista, iniciou quadro de odinofagia e disfagia de condução, perda ponderal de 5 Kg em 6 meses e anemia ferropriva. Tomografia de abdome mostrou formação expansiva sólida, hipovascularizada em fundo gástrico e TEG, envolvendo estruturas adjacentes. A EDA revelou mucosa esofágica friável, de aspecto infiltrativo, com 2 áreas elevadas sésseis em esôfago médio. Logo abaixo da TEG, lesão ulcerovegetante, infiltrativa, friável, medindo cerca de 8 cm. A biópsia comprovou tratar-se de CCE moderadamente a pouco diferenciado, ulcerado, com perfil imunohistoquímico compatível: AE1AE3, p63 (padrão nuclear) e CK5/6 positivos.

Discussão

O CCE do estômago é uma neoplasia extremamente rara. A primeira descrição foi realizada em 1895 e, até hoje, foram relatados poucos casos em todo o mundo. Sua patogênese permanece obscura, podendo ser secundário a um CCE em outras partes do corpo, ou, mais raramente, primário do estômago, cuja incidência varia entre 0,04 e 0,09%. É mais prevalente no sexo masculino, apresentando pico na sexta década de vida, principalmente fundo e corpo gástrico. Para o diagnóstico de CCE gástrico primário a Associação Japonesa de Câncer Gástrico propôs os seguintes critérios: o tumor deve ser originário do estômago e composto apenas por CCE, sem presença de adenocarcinoma. O primeiro caso cumpriu esses critérios, com presença de mucosa gástrica normal entre a TEG e a neoplasia, e, portanto, foi diagnosticado como CCE primário da cárdia. Já no segundo caso, foram diagnosticados em um mesmo momento o CEC em esôfago e estômago, devido a maior prevalência de CEC esofágico, foi interpretado como um tumor secundário.

Comentários finais

Este relato tem a finalidade de mostrar para a comunidade científica dois casos raros de carcinoma de células escamosas de estômago se manifestando como tumor primário ou secundário

Palavras-Chave

carcinoma de células escamosas, carcinoma espinocelular, estômago