Dados do Trabalho
Título
Hérnia umbilical estrangulada como complicação da longa espera para cirurgia bariátrica: relato de caso
Apresentação do Caso
Mulher, 58 anos, índice de massa corpórea de 53, aguardando cirurgia bariátrica no Sistema Único de Saúde (SUS) há 2 anos e meio, hipertensa, diabética, asmática, com hérnia umbilical há 10 anos. Há 2 dias evoluiu com dor abdominal umbilical, parada da evacuação e vômitos. Ao exame: taquicardia associada a abaulamento umbilical de 6 cm, não redutível, com pele local cianótica e secreção fétida. Indicado cirurgia após diagnóstico de hérnia com encarceramento e necrose de epíplon. Realizou-se a hernioplastia umbilical com colocação de tela de polipropileno microporosa (onlay). No 6º dia pós-operatório (PO), apresentou leucocitose com desvio à esquerda e secreção purulenta em ferida operatória (FO), sendo iniciada antibioticoterapia. No 9° PO, devido à secreção purulenta e persistência da leucocitose, foi indicado desbridamento dos tecidos desvitalizados, retirada da tela, manutenção de FO aberta com curativo à vácuo. Ampliada antibioticoterapia para Meropenem associada à realização de posteriores desbridamentos, curativos à vácuo e progressiva aproximação de pele da FO. Após a 2ª reabordagem cirúrgica, evoluiu com melhora clínica e da FO. Permanece internada no 42° dia PO.
Discussão
A obesidade é fator de risco para complicações infecciosas em hernioplastias, exigindo reabordagens cirúrgicas com a retirada das telas microporosas, antibioticoterapia de amplo espectro e monitorização intensiva. No caso apresentado, relatou-se espera por cirurgia bariátrica prolongada associada a complicação infecciosa em pós-operatório de hérnia umbilical estrangulada. Estima-se que, no Brasil, o tempo de espera médio para a realização da cirurgia bariátrica pelo SUS seja de 24,7 meses. Poucos estudos se propuseram a mensurar riscos e benefícios sobre a temporalidade ideal para reparação eletiva de hérnias em pacientes com obesidade, ficando, em geral, em período posterior à cirurgia bariátrica. Atualmente não há consenso acerca da melhor decisão sobre realizar o tratamento eletivo dessas hérnias antes, durante, ou após a cirurgia bariátrica. Uma maior investigação sobre o tema poderia guiar melhores decisões para evitar desfechos pós-operatórios com maior morbidade.
Comentários finais
Deve-se começar a ponderar o benefício de se tratar eletivamente as hérnias em pacientes com obesidade mórbida, mesmo antes da realização da cirurgia bariátrica, ou pensar em formas de acelerar o acesso desses pacientes ao tratamento cirúrgico da obesidade. Mais estudos devem ser realizados para construir uma recomendação.
Palavras-Chave
Obesidade - Hérnia Abdominal – Hérnia Umbilical – Complicações Pós-Operatórias
Área
Cirurgia - Obesidade
Autores
Edison Stefen Junior, Gabriel Resun Gomes Silva, José Roberto Alves, Luis Felipe Mondardo Spengler