XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Elevação leve de aminotransferases e aumento da mortalidade hospitalar da COVID-19 em pacientes com mais de 60 anos: análise de 1229 casos

Introdução

A COVID-19 é uma doença sistêmica com manifestação prioritariamente respiratória, mas podendo levar a alterações hepáticas; sua origem e impacto ainda estão pouco esclarecidos.

Objetivo

Avaliar as manifestações hepáticas em pacientes internados com COVID-19 e verificar associação com a severidade da doença e a mortalidade hospitalar.

Método

Estudo retrospectivo de pacientes internados em um hospital terciário entre abril e outubro de 2020 com PCR positivo para SARS-CoV-2. Foram avaliadas as variáveis: manifestações clínicas, exames complementares, gravidade da doença, necessidade de suporte de oxigênio (O2), admissão em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), tempo de internação e evolução final. Analisou-se as enzimas hepáticas (AST, ALT) na admissão e seu pico durante a internação, associados com a severidade da doença e a mortalidade hospitalar.

Resultados

Foram revisados 1454 prontuários, sendo excluídos 225: 48 por readmissões, 62 por neoplasia avançada, 60 transplantados de órgãos sólidos, 34 com imunossupressores e 69 por PCR rápido não confirmado, restando 1229. Desses, a mediana de idade foi 60 anos e 51.5% eram homens. Ainda, 51.2% eram hipertensos, 36.4% obesos, 31.6% diabéticos, 8.6% hepatopatas, 2.3% cirróticos e 3.8% com diagnóstico prévio de MAFLD. Em 1080 casos, AST e ALT foram obtidas na admissão, estando elevadas em 56,9%: 1 a 2 vezes o limite superior do normal em 63,8%; 2 a 5 em 29,8%, e acima de 5 em 6,36%. Comparados a pacientes com aminotransferases normais, os analisados apresentaram maior severidade da COVID-19 (73,1%vs.63,7%;P=0,01), mais complicações com necessidade de suporte O2 (83,9%vs.72.1%;P<0,001), terapia substitutiva renal (20,7%vs.11,2%; P<0,001), uso de vasopressores (41,7%vs.28,1%;P<0,001), taxas de admissão em UTI (56%vs.41,6%; P=0,001) e mortalidade hospitalar (26,5%vs.18,7%;P=0,003). Essa última foi maior em pacientes acima de 60 anos com aminotransferases elevadas em comparação àqueles na mesma faixa com exames normais ou à população geral: 61,8%, 38,2% e 23,6%, respectivamente (P<0,001). Após correlações, a regressão logística multivariada mostrou que aminotransferases alteradas tiveram associação com a severidade da COVID-19 (p<0.001), necessidade de terapia substitutiva renal (p=0.003), bem como uso de vasoativos (p=0.027).

Conclusão

Elevação leve de aminotransferases é comum em pacientes com COVID-19 e é possível que nesse estudo preliminar se relacione à severidade da doença e a sua mortalidade hospitalar, sobretudo em pacientes acima de 60 anos.

Palavras-Chave

COVID-19, alterações hepáticas, estudo retrospectivo, aminotransferases, mortalidade hospitalar.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Patrícia Gabriela Riedel, Ysela Ysabel Picón Pérez, Vitória Fedrizzi Sakai, Dvora Joveleviths, Mário Reis Álvares Da Silva