XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

SÍNDROME PÓS POLIPECTOMIA: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Homem, 39 anos, hipertenso, diabético tipo 2, obeso e com histórico familiar de câncer de cólon. Referiu que há 2 anos iniciou quadro de enterorragia, juntamente com dor abdominal em cólica difusa. Relatou piora do quadro clínico há 4 meses, mas sem perda ponderal. Foi submetido a colonoscopia, que identificou pólipo pediculado gigante, com sinais de sangramento, há 30cm da borda anal. Indicada polipectomia colonoscópica (PC). O anatomopatológico constatou adenoma viloso com displasia de baixo grau e margens de ressecção livres. Após 2 dias da excisão, iniciou quadro de dor abdominal intensa. O paciente negou evacuações após o procedimento, mas relatou presença de flatos, apetite preservado e ausência de febre. Foi solicitado tomografia computadorizada (TC) de abdome e pelve com contraste, a qual evidenciou edema de alça na topografia da polipectomia, sem sinais de pneumoperitôneo. Paciente foi diagnosticado com síndrome pós-polipectomia (SPP) e submetido a cuidados clínicos, com melhora significativa da dor abdominal e com eliminações fisiológicas presentes, recebendo alta após 1 dia do início dos sintomas.

Discussão

A PC reduz a incidência de carcinoma colorretal em aproximadamente 80%. É um procedimento com relativa segurança, porém, pode estar associado a complicações graves, como a SPP, perfurações e sangramentos. A SPP é caracterizada pelo desenvolvimento de dor abdominal, febre, leucocitose e inflamação peritoneal na ausência de perfuração visualizada por TC, que ocorre após PC com eletrocoagulação, como encontrado nesse paciente. A etiopatogenia inclui a queimação transmural, sem perfuração, devido à corrente elétrica durante a PC. Estudos estimaram que a incidência de SPP em pacientes submetidos à PC variou de 0,5-1,2%, tendo como fatores de risco para seu desenvolvimento a hipertensão arterial e a retirada de grandes lesões, características encontradas no paciente em questão. O diagnóstico da SPP é de grande importância, já que evita uma laparotomia exploratória desnecessária, e envolve o histórico recente de PC, os sinais clínicos e laboratoriais, e a ausência de perfuração na TC. O tratamento da SPP é conservador na maioria dos casos, e consiste em jejum e uso de antibióticos, tendo um bom prognóstico, assim como visto nesse relato de caso.

Comentários finais

A SPP tem uma baixa incidência, porém, deve ser lembrada como diferencial em pacientes com dor abdominal após PC para que se evite reoperações desnecessárias.

Palavras-Chave

Colonoscopia; Dor Abdominal; Procedimentos Cirúrgicos do Sistema Digestório

Área

Endoscopia - Colonoscopia

Autores

Ana Carolina Cunha Leal, Guilherme Rodrigues Oliveira, José Miguel da Silva Maciel Júnior, Hugo Assis Martins da Costa, Tayna Ise Marinato, Octávio Araújo Rodrigues Lima, Alex Augusto Silva