Dados do Trabalho

Título

Hemorragia digestiva em pacientes com COVID-19: Diretriz para exames endoscópicos

Introdução

O manejo de pacientes com COVID-19 é algo recente na medicina e oferece desafios. Como em todo paciente crítico, existe o risco de hemorragia digestiva. Sabe-se que os exames endoscópicos são importantes na investigação, entretanto neste contexto de infecção, os riscos e benefícios da realização destes devem ser ponderados, uma vez que tem a possibilidade de contaminação.

Objetivo

Análise dos casos de pacientes submetidos a exames endoscópicos por suspeita de hemorragia digestiva, afim de propor um diretriz de investigação em pacientes com COVID-19.

Método

Examinar retrospectivamente os prontuários de pacientes com COVID-19, internados no Hospital Regional de Presidente Prudente e fizeram exames endoscópicos após algum tipo de exteriorização sanguínea digestiva. A análise avaliou: idade, uso de anticoagulantes/antiagregante plaquetário, tipo de exteriorização, hemoglobina, concentrados de hemácias transfundidos, conclusão dos exames e terapia endoscópica.

Resultados

Na análise, 14 pacientes com COVID-19 realizaram exames endoscópicos com suspeita de hemorragia digestiva desde o início da pandemia, sendo que 85% tinha melena e 15% enterorragia. Dos que apresentaram melena, apenas 25% tiveram endoscopia digestiva alta com etiologia definida, estes casos tiveram queda de hemoglobina maior que 6g/dL e necessitaram de mais de duas bolsas de concentrado de hemácias para controle do quadro hematimétrico. Os que apresentaram enterorragia tiveram endoscopia digestiva alta normal, recebendo manejo clínico no período crítico da infecção e após melhora, feito colonoscopia que diagnosticou doença diverticular dos cólons. De todos os casos, apenas 35% tiveram sua etiologia definida nos exames: 2 casos de úlcera gastroduodenal, 2 casos de doença diverticular dos colóns e 1 caso de tumor gástrico. Apenas um paciente necessitou de terapia endoscópica com a colocação de clipe hemostático em úlcera gástrica. O uso de anticoagulante/antiagregante plaquetário e idade não foram fatores de risco para detecção da etiologia e terapia nos exames endoscópicos.

Conclusões

Conclui-se que as causas encontradas de hemorragia digestiva são as mesmas da população geral. Tiveram etiologia definida e/ou necessidade de terapia, os exames de endoscopia digestiva alta, com queda de hemoglobina maior que 6g/dL e número maior que duas bolsas de concentrados de hemácias transfundidas. Os casos de enterorragia podem ter a colonoscopia postergada até a resolução da infecção. Assim evitamos exames desnecessários na pandemia.

Palavras-Chave

Hemorragia digestiva, COVID-19, melena, hematêmese, sangramento gastrointestinal