Dados do Trabalho
Título
Tratamento endoscópico no câncer de cólon inicial - Doença pT1
Apresentação do Caso
Paciente masculino de 62 anos, previamente hígido, realizou colonoscopia de rotina que evidenciou uma lesão pediculada em cólon descendente de 50 mm, sendo submetido a ressecção em fragmentos da lesão via endoscopia. O anatomopatológico evidenciou Adenocarcinoma moderadamente diferenciado com áreas mucinosas com infiltração na camada submucosa de 2.500 µm, Haggitt nível 3 e margem livre.
Discussão
Pólipos sésseis malignos (doença inicial - pT1) têm um potencial importante de metástase linfonodal correspondente a cerca de 8,5-16,1% com risco de desenvolvimento de doença avançada de 0,6%. O tratamento endoscópico é uma possibilidade terapêutica sendo realizado por polipectomia, ressecção endoscópica da mucosa ou dissecção endoscópica da submucosa. Diante do risco de metástases linfonodais, após a ressecção endoscópica deve-se avaliar o nível de invasão tumoral em pólipos pediculados (classificação de Haggitt), bem como a profundidade da invasão de submucosa, o grau histológico e a margem da ressecção.
Um estudo retrospectivo demonstrou que pólipos Haggitt nível 1 apresentaram risco de 0% de metástases linfonodais e 6,2% nos nível 3. Já com relação a profundidade de invasão da submucosa, vários estudos demonstraram que invasão > 1.000 µm está associada a maior risco de metástases linfonodais: meta-análise com odds ratio (OR) de 3,87 (IC 1,50-10,0, p = 0,005) e meta-análise com risco relativo de 5,2 (95% IC 1,8-15,4).
Com relação ao grau histológico, lesões pouco diferenciadas apresentam risco maior de metástases linfonodais quando comparado com bem e moderadamente diferenciadas (OR 5,60; IC 95%; 2,90-10,82; p < 0,00001). Quanto à margem de ressecção, margem < 1 mm está associada a um risco de 21-33% de recidiva de doença.
Retornando ao caso clínico, devido à ressecção fragmentada, à histologia moderadamente diferenciada e à infiltração de submucosa de 2.500 µm, foi indicado colectomia esquerda e linfadenectomia, cujo anatomopatológico não evidenciou malignidade. Paciente atualmente em seguimento sem evidência de doença.
Comentários finais
O tratamento endoscópico é uma opção de tratamento curativo em pacientes com pólipos sésseis malignos. O procedimento deve ser realizado por um profissional gabaritado e com retirada da lesão íntegra. Após a ressecção, deve-se avaliar a necessidade de complementação cirúrgica através do Haggitt, da profundidade da invasão de submucosa, do grau histológico e da margem da ressecção.
Área
Endoscopia - Colonoscopia
Autores
Bruna Menezes Gomes, Ana Karoline Rossetto Amaral, Katia Regina Marchetti