XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Tumor Neuroendócrino Gástrico Concomitante com Polipose Hiperplásica – Um desafio de follow-up

Apresentação do Caso

Paciente masculino, 60 anos, com antecedente de hipertensão arterial e psoríase, iniciou investigação de síndrome paraneoplásica devido quadro de TVP em membro inferior esquerdo e neuropatia periférica. Laboratoriais evidenciaram anemia, macrocitose e deficiência nos níveis séricos de vitamina B12. Endoscopia digestiva demonstrou atrofia gástrica, múltiplas lesões polipoides sésseis, de superfície avermelhada em fundo e corpo, medindo entre 8-15 mm, algumas com aspecto suspeito de tumor neuroendócrino (TNE). Biópsias foram consistentes com pólipos hiperplásicos, pesquisa de H. pylori positiva e atrofia com estágios OLGA II/OLGIM I. Durante o seguimento, PET- CT com análogo de somatostatina demonstrou captação em duas áreas focais no corpo gástrico e dosagem de cromogranina sérica apresentou-se elevada. Realizada nova endoscopia e mucosectomia com técnica de ligadura elástica de duas lesões polipoides sésseis de 10 mm, suspeitas para TNE. Anatomopatológico foi compatível com TNE grau 1, ki 67 de 1 %, imunohistoquímica positiva para cromogranina e sinaptofisina. O H. pylori foi erradicado e o paciente segue em programa de vigilância endoscópica.

Discussão

O TNE gástrico é uma neoplasia originada de células enterocromafins. São raros, e correspondem a 2% das neoplasias gástricas. O tipo I é o mais frequente e ocorre em 70-80% dos casos. À endoscopia são, geralmente, lesões polipoides múltiplas, pequenas (< 10 mm), localizadas no corpo e fundo gástrico. São bem diferenciados, apresentando excelente prognóstico, e estão associados a gastrite atrófica e anemia perniciosa. Seu diagnóstico envolve a endoscopia com biópsias para graduação da atrofia gástrica, e a avaliação histopatológica das lesões com imunohistoquímica. O hemograma e as dosagens sérica de vitamina B12, gastrina, anticorpos anti-fator intrínseco, anti-células parietais, cromogranina A, são úteis para a condução do caso. Estudos recentes sugerem que o TNE grau I é indolente e deve ser monitorado semestral ou anualmente por programas de vigilância endoscópica. A ressecção esta indicada para lesões maiores que 10 mm.

Comentários finais

O TNE grau 1 é o subtipo mais frequente e na maioria das vezes apresenta curso benigno. É consenso o acompanhamento endoscópico destas lesões. Apresentamos acima um caso de TNE grau 1 simultâneo a polipose hiperplásica, o que torna um desafio a detecção de verdadeiras lesões neuroendócrinas e a condução adequada do caso.

Palavras-Chave

Tumor neuroendócrino, pólipo hiperplásico

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Flávia Carolina Oliveira, Danielle Queiroz Bonilha, José Olympio Meirelles dos Santos, Rafael Guedes Diaz, Júlia Guimarães Fernandes Costa, Guilherme Amorim Souza Faria, Luíza Dias Torres, Mariana Franson Fernandes, Rubia Moresi Vianna de Oliveira, Ciro Garcia Montes