Dados do Trabalho
Título
Hepatite autoimune como diagnóstico diferencial de síndrome colestática. Relato de caso
Apresentação do Caso
Mulher, 46 anos, apresenta há 1 ano quadro flutuante de icterícia, colúria,
acolia fecal, pirose e perda ponderal progressiva. Realizou tomografia de
abdome com espessamento de papila duodenal, sem padrão obstrutivo e
Colangioressonância sem alterações. Duodenoscopia evidenciando papila
duodenal com drenagem espontânea de bile clara, discretamente abaulada e
com mucosa de aspecto verrucoso em região adjacente ao óstio. Para
descartar suspeita neoplásica, foi realizada ECOendoscopia sem alterações e
Colangiopancreatografia (CPRE) com colocação de prótese biliar plástica e boa
drenagem. Realizada biopsia que mostrou uma duodenite crônica sem
evidência de neoplasia. Após seguimento da investigação, pela manutenção do
quadro colestático, optou-se por biopsia hepática que evidenciou infiltrado
linfomononuclerar rico em plasmócitos que se estende à interface e permeia a
estrutura biliar, parênquima com necrose confluente acompanhada por
infiltrado plasmocitário. Somada ao FAN reagente 1/80 (pontilhado fino denso e
placa metafásica reagente), hipergamaglobulinemia e sorologia para hepatites
virais negativas obteve-se o diagnóstico de hepatite autoimune (HAI), mesmo
com autoanticorpos negativos. Foi iniciada Azatioprina e Prednisona,
atualmente em desmame, além de Sertralina para tratamento do prurido com
boa resposta. Paciente evoluiu com remissão clínica e laboratorial em 2 meses,
resolução completa da icterícia e se mantém assintomática desde então
Discussão
A HAI é um distúrbio hepático de apresentação clínica heterogênea e
geralmente insidiosa, com achados diagnósticos que incluem positividade de
anticorpos, níveis elevados de imunoglobulina G e hepatite de interface na
histologia hepática. Pacientes com quadro colestático associado necessitam
investigação complementar para excluir causas obstrutivas e para avaliar
causas intra-hepáticas sobrepostas como colangite biliar primária e colangite
esclerosante primária. A colestase como apresentação primária da HAI é
incomum e geralmente dificulta o diagnóstico diferencial já que os próprios
escores atribuem pontuação negativa na presença de elevação de
canaliculares. O fato da paciente apresentar uma anormalidade anatômica na
papila duodenal corroborou ainda mais para esse rastreio o que atrasou seu
diagnóstico
Comentários finais
Devido à sua ampla forma de apresentação, o diagnóstico de HAI deve ser
considerado durante a investigação diagnóstica de qualquer paciente com
níveis aumentados de enzimas hepáticas e quadro colestático intra-hepático
Palavras-Chave
Hepatite Auto Imune; Colestase; Abaulamento de Papila
Área
Gastroenterologia - Fígado
Autores
Maria Zuleide Felizola Leão Almeida, Anelisa Sena Machado, Lorena Rocha Dias Machado, Verônica Grobério Nicoli, Luiz Filipe do Carmo Zanotti, Caiane Santos Rios, Lucia Safatli Barbosa, Dayana Peterle Christo, Nayanny Pereira de Sá Lima, Jhankarla Salazar Hinojosa, Pedro Henrique Oliveira Brito de Alencar, Roberto Gomes Da Silva Junior, Maria Luiza Queiroz Miranda, Perla Oliveira Shulz Mamone, Andrea Vieira