XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Relato de caso - corpo estranho de duodeno

Apresentação do Caso

V.A.B, 48 anos, sexo masculino, deu entrada no serviço relatando episódio de hematêmese associado a dor abdominal de início agudo e melena após ingestão de um palito de dente durante a refeição. Durante a admissão observou-se queda de hemoglobina para 7,6 na ocasião, sendo necessário transfusão de 2 concentrados de hemácias. Solicitado endoscopia digestiva alta que observou em transição do bulbo para segunda porção duodenal a presença do corpo estranho (palito de dente) fixado na parede anterior, envolto por edema e enantema importante. Na retirada do mesmo com alça de polipectomia foi observado no local, orifício puntiforme, de aproximadamente 3 mm, com saída de secreção purulenta do mesmo. Iniciado antibióticos, paciente evoluiu com melhora dos sintomas durante a internação e sem sinais de perfuração ao exame físico e nos exames radiológicos tendo então alta com retorno ambulatorial.

Discussão

A ingestão e impactação de corpos estranhos (CE) são achados comuns na nossa prática ficando atrás apenas das hemorragias digestivas. A grande maioria dos casos (cerca de 75%) ocorre em crianças, sendo o restante em idosos, pacientes psiquiátricos ou prisioneiros. Os CE de trato gastrointestinal alto são mais comuns no esôfago (50-70%), seguido pelo estômago e duodeno.
Na maioria das vezes os pacientes ficam assintomáticos com a passagem do CE do esôfago para o estômago, porém alguns podem desenvolver disfagia e sensação de impactação do CE por várias horas. Sintomas como taquicardia, febre, sudorese e a presença de enfisema subcutâneo podem sugerir perfuração.
Entre 80 a 90% dos CE sairão espontaneamente, sendo 10% com necessidade de retirada por via endoscópica e cerca de 1% necessitarão de cirurgia. O exame endoscópico se mostrou com alta taxa de sucesso para retirada do CE do trato gastrointestinal superior.

Comentários finais

Na população em geral os CE são ingeridos acidentalmente, como espinhos de peixe, ossos ou mesmo palitos de dente “escondidos” na comida. O bulbo duodenal é um local conhecido mas raro de impactação pelo CE, com incidência entre 0,4 e 4,6%.
Apresentamos este caso clínico pela raridade na localização do CE (transição bulbo para segunda porção duodenal), sem patologia subjacente e sua apresentação clínica menos comum além do sucesso com o tratamento endoscópico, sem que o paciente tenha desenvolvido alguma complicação com necessidade cirúrgica.

Palavras-Chave

Endoscopia digestiva alta; corpo estranho de duodeno; hematêmese;

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Paulo Haruo Yano Junior, Paulo Gardenal Teles, Priscila Gonçalves Pereira, Waldir Egidio Barbosa Mitidiero, Giovanni Gustavo de Souza Avansini