XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Sindrome de boerhaave: apresentação de caso atípica e tratamento endoscópico conservador

Apresentação do Caso

Paciente feminina, 93 anos, procurou atendimento médico com relato de episódio de tosse após ingestão de comprimido analgésico devido à dorsalgia, evoluindo com dor torácica e cervical de forte intensidade. Exame físico de admissão, apresentava queda da saturação de oxigênio, estertores bolhosos na ausculta pulmonar, e enfisema subcutâneo em região cervical. Solicitado tomografia computadorizada de tórax, sendo observado dissecção das paredes esofágicas por gás, separando mucosa da muscular, estendendo-se por todo órgão, assim como pneumomediastino e enfisema no introito torácico, tais achados sugerindo laceração esofágica. Após avaliação da equipe cirúrgica, foi solicitado endoscopia digestiva alta (EDA) para confirmar o diagnóstico. No exame, foi identificado laceração profunda, de limites imprecisos, localizada abaixo do esfíncter esofágico superior (EES). Devido ao perfil da paciente, optou-se por tratamento conservador, com implante de prótese metálica auto expansível (PMAE) esofágica totalmente recoberta, específica para esôfago proximal, sendo sua extremidade superior posicionada ao nível do EES. Foi posicionado também sonda nasoentérica para aporte nutricional. Exame de imagem de controle, realizado 10 dias após procedimento, com prótese bem posicionada, resolução completa do pneumomediastino. Programado retirada da prótese, com três semanas, sendo observado apenas escara no local da laceração, sem intercorrências. Paciente recebeu alta hospitalar com dieta pastosa no dia seguinte.

Discussão

Síndrome de boerhaave é caracteriza por ruptura espontânea do esôfago, devido ao aumento súbito da pressão intraesofágica combinado com a pressão intratorácica negativa, podendo ser desencadeado por vômitos, tosse, riso ou convulsão. O acometimento mais prevalente é em esôfago distal, porém, pode ocorrer em todo órgão. Lacerações presentes em esôfago cervical, como relatado no caso, costumam ser menos graves, devido a menor chance de evoluir para mediastinite. Sintomas clínicos variam de acordo com a localização, em esôfago cervical nota-se principalmente disfagia, disfonia e dor na nuca. O tratamento cirúrgico apresenta alta morbimortalidade, logo, em pacientes com comorbidades, o tratamento endoscópico deve ser tentado.

Comentários finais

A síndrome de boerhaave é de difícil diagnóstico e deve ser pensada como diagnóstico diferencial em casos de dor toracica. O tratamento conservador, quando bem indicado, deve ser tentado principalmente em pacientes com alto risco cirúrgico.

Palavras-Chave

Síndrome de boerhaave, Prótese metálica auto expansível, PMAE, Pneumomediastino

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Paola de Araujo Sardenberg Alves , Guilherme Falcão Ribeiro Ferreira