Dados do Trabalho
Título
RELATO CASO: PACIENTE COM COLANGITE DE REPETIÇÃO DE ASPECTO ESCLEROSANTE COM PROVÁVEL ETIOLOGIA SECUNDÁRIA EM AVALIAÇÃO PARA LISTAGEM AO TRANSPLANTE HEPÁTICO
Apresentação do Caso
Paciente do sexo feminino, 49 anos, encaminhada ao ambulatório de transplante hepático (TxH) com histórico de crises de colangite de repetição. História pregressa incluía colecistolitíases e colecistectomia com derivação bibliodigestiva, com prótese de vias biliares há 3 anos. Durante as crises, referia dor epigástrica, febre, mal-estar, icterícia e prurido. Exames: TGO 49, TGP 116, GGT 630 e FAL 587, todos alterados. FAN reagente com titulação de 1:160. Anticorpo Anti Hbc IgG negativo. Anticorpo Anti HCV negativo. HbsAg negativo. Anticorpo Anti Hbs negativo. Anticorpo antimitocôndria negativo. Anticorpo Anti-múscúlo liso negativo. A paciente prosseguiu em uso de ácido ursodesoxicólico, mas sem melhora. A colangiorresonância, evidenciava área de redução do calibre do colédoco junto à confluência dos ductos hepáticos direito e esquerdo e dilatação das vias biliares, sugestivo de colangite. Ademais, a endoscopia digestiva alta demonstrava orifício saindo bile próximo ao local da derivação prévia. A equipe encaminhou para nova derivação biliodigestiva, para correção do calibre das vias biliares. Além disso, com o intuito de investigar diagnósticos diferenciais foi suscitada a possibilidade de solicitar biópsia hepática. A pontuação da paciente nos critérios de Child Pugh foi 5 e de MELD Na foi 10, por isso, a paciente não foi encaminhada para TxH no momento.
Discussão
Como diagnósticos diferenciais, a Hepatite autoimune (HAI) é interrogada devido ao quadro clínico e ausência de hepatite viral prévia, porém faltaram dados de biópsia hepática para concluir a pontuação dos critérios para HAI. Outra possibilidade é a Cirrose Biliar Primária, por sintomas compatíveis, sexo feminino e evidência bioquímica apesar do AMA negativo, mas necessitaria da avaliação histológica. Finalmente, a terceira possibilidade é a colangite esclerosante, devido ao prurido, colangite aguda e elevação de enzimas hepáticas principalmente, tendendo a uma etiologia secundária, nesse caso, o trauma cirúrgico das vias biliares. Destaca-se que o novo procedimento de derivação evitaria novos episódios de colangite. Optou-se por não incluir a paciente na lista para transplante devido aos baixos critérios de Child Pugh e de Meld Na.
Comentários finais
Apesar da inconclusão do diagnóstico final até o presente relato, ressalta-se a necessidade de prosseguir o estudo com a análise histológica do tecido hepático. As regras para não-seleção da paciente para TxH seguiram as normativas brasileiras vigentes.
Área
Gastroenterologia - Fígado
Autores
Priscila Pegoretti, Larissa Caroline Chiste, Marcela Tiboni, Lara Raiany Laguna Antonelli, Flavia Oyadomari Miszczuk, Juliana Lins Maués, Maria Eduarda Treis, Daniel Fernando Soares e Silva, Marcelo Augusto Scheidemantel Nogara