XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Uma pílula afiada: O papel da endoscopia na identificação de corpos estranhos e contenção de possíveis complicações

Apresentação do Caso

Mulher de 60 anos sem antecedentes psiquiátricos, iniciou quadro de odinofagia e sialorreia após a ingestão de comprimidos. No PS, foi liberada após analgesia. Após 3 dias, retornou apresentando mesmos sintomas adicionados a dor em região do tórax e pescoço.
Após radiografia sem sinais de complicações, foi submetida à endoscopia digestiva alta (EDA) que evidenciou em terço superior do esôfago, a 15 cm da arcada dentária superior, 1-2 cm abaixo do cricofaríngeo, um comprimido envolto no blister, cortado em formato quadrangular e impactado na parede lateral esofágica direita, com pequena área de laceração profunda/perfuração nesta topografia. Em acordo com o cirurgião, optou-se por tentar a remoção endoscópica com posterior clipagem endoscópica, considerando as características da lesão, ausência de enfisema subcutâneo e estabilidade clínica. Executada a remoção endoscópica com pinça dente de rato foi confirmado um pequeno orifício de 3 mm compatível com perfuração, o qual foi fechado com um clipe metálico (11 mm de abertura), com sucesso.
Realizada a tomografia computadorizada contrastada, que evidenciou discreta irregularidade parietal com pequenos focos gasosos na gordura adjacente junto ao contorno lateral direito do terço superior do esôfago, achados sugestivos de perfuração.
Após 24 horas de jejum foi iniciada a reintrodução alimentar gradual, com boa aceitação. Recebeu alta após 5 dias, com dor controlada e sem complicações.

Discussão

Logo após a faixa etária pediátrica, os idosos configuram-se como o segundo grupo que mais sofre com a ingestão de corpos estranhos, sendo o esôfago distal- onde podem causar desde uma perfuração mínima com modesto pneumomediastino até um quadro de mediastinite- e o estômago as localizações mais comuns de impactação. Dentre os casos, 10-20% exigem abordagem endoscópica e apenas 1% cirúrgica. Assim, a utilização da via endoscópica para clipagem de pequenas perfurações demonstra-se além de alternativa eficaz de terapêutica, um instrumento eficiente para evitar complicações e evolução desfavorável.

Comentários finais

Mesmo que raras, as complicações da ingestão de corpos estranhos podem ser fatais. Assim, sua apresentação clínica inespecífica exige um método diagnóstico capaz de descartar e impedir a progressão desses eventos, como a EDA, que ao ser realizada em tempo hábil pode alterar o curso clínico de suas complicações secundárias.

Palavras-Chave

Corpo estranho; Impactação por corpo estranho; Endoscopia terapêutica

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Maria Eduarda Rodrigues Zenateli, Luísa Ribeiro Cassundé, Sarah Rodrigues Pilon Faria