Dados do Trabalho
Título
GASTRECTOMIA TOTAL DE RESGATE APÓS PERFURAÇÃO DE TRATAMENTO ENDOSCÓPICO COM ESD PARA ADENOCARCINOMA GÁSTRICO
Apresentação do Caso
Paciente do sexo feminino, 87 anos, com diagnóstico de Adenocarcinoma Gástrico em pequena curvatura, medindo cerca de 7 cm (imagem 1), sem comorbidades conhecidas. Inicialmente, considerando a idade e fragilidade da paciente, foi optado pela realização de Dissecção Endoscópica Submucosa (ESD). Realizada incisão da borda lateral da parede posterior/grande curvatura, sendo observada microperfuração em área fibrótica na parte proximal. Realizada colocação de 5 clipes metálicos, fechando total em dois planos. Evoluiu sem intercorrências, sem pneumoperitônio, peritonite ou sinais de infecção de sistêmica. Após resolução do quadro, por falha em tratamento endoscópico, optado por indicar Gastrectomia Total de resgate com linfadenectomia a D1 (Imagem 2). No intraoperatório não foram identificados sinais de aderências ou complicações inflamatórias no local da perfuração. Anatomopatológico evidenciou tratar-se de Adenocarcinoma intramucoso, pT1a pN0.
Discussão
A ESD é amplamente indicada para pacientes com câncer de estômago cuja probabilidade de cura é alta através do método, principalmente por ser menos invasivo e menos oneroso. Para indicação de ESD é necessário determinar o tipo histopatológico, tamanho do tumor, profundidade de invasão e se há presença de ulceração.
As principais complicações relacionadas ao procedimento são sangramento e perfuração. De acordo com um estudo prospectivo multicêntrico abrangendo aproximadamente 10.000 casos, as complicações encontradas foram sangramento pós-operatório (4,4%), transfusão (0,7%), perfuração intra-operatória (2,3%), perfuração tardia (0,4%) e cirurgia de emergência para uma complicação (0,2 %).
A necessidade de resgate cirúrgico para terapia oncológica se faz necessário quando há falha do procedimento, aumentando o tempo de internação hospitalar, custos e morbidade ao doente. Além disso, o resgate cirúrgico em pacientes com neoplasia gástrica em fase inicial pode ser uma alternativa bem indicada.
Comentários finais
A perfuração após dissecção endoscópica da submucosa gástrica é uma complicação rara, porém potencialmente grave. Portanto, o manejo endoscópico imediato associado ao tratamento cirúrgico são medidas de escolha no seu tratamento. A indicação de ESD baseada em critérios bem estabelecidos pelas sociedades deve ser amplamente realizada para minimizar sua incidência e devemos salientar que a indicação de gastrectomia de resgate deve ser uma alternativa válida para os doentes que cursam com falha no tratamento endoscópico.
Palavras-Chave
Resgate Cirúrgico, ESD, Perfuração Endoscópica.
Área
Gastroenterologia - Estômago/Duodeno
Autores
KAIQUE FLAVIO XAVIER CARDOSO FILARDI, RODRIGO JOSE OLIVERIA