XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Síndrome de Ruminação como causa de Anemia Ferropriva: Relato de caso

Apresentação do Caso

Mulher, 21 anos, estudante de medicina, em investigação de anemia ferropriva, queixando de regurgitação nas duas horas após a alimentação, principalmente com ingestão de café, carne vermelha, alimentos gordurosos e, em períodos de estresse. Relato de mais de 20 episódios diários e impacto importante na vida social. Doença do Refluxo Gastroesofágico refratária, desde os 12 anos e, longo período de uso de inibidor de bomba de prótons, interrompido nos últimos meses por ausência de melhora do quadro. Ao exame físico, apresentava sinais de desnutrição leve. Endoscopia Digestiva Alta, com esofagite erosiva grau B de Los Angeles; esôfago-estômago-duodenografia sem sinais de refluxo; manometria esofágica de alta resolução normal; pHmetria esofágica de 24 horas evidenciou refluxo ácido patológico em decúbito e ortostatismo, relacionado aos sintomas de pirose e regurgitação, a maioria deles pós prandiais e, Scoore de DeMeester de 23,28. Realizado reposição de ferro endovenoso e optado por abordagem multidisciplinar com prática de respiração diafragmática, terapia cognitivo comportamental e acompanhamento do serviço de nutrição, com boa resposta clínico-laboratorial. Retornou após 14 semanas com exames normais e melhora expressiva da ruminação.

Discussão

A Síndrome de Ruminação consiste em distúrbio funcional, relacionado a anemia ferropriva devido à má absorção e restrição alimentar. Essa condição ocorre em períodos pós prandiais e se apresenta com regurgitação involuntária dos alimentos ingeridos para a boca, onde podem ser mastigados e novamente deglutidos ou expelidos. Classificada pelos critérios de Roma-IV, como um Transtorno Gastroduodenal Funcional. Presume-se que ocorre quando há contrações involuntárias da parede abdominal, aumento da pressão intra-gástrica, associado à instabilidade da junção esôfago-gástrica e a pressão torácica negativa, simultaneamente. O diagnóstico é essencialmente clínico, podendo ser complementado com impedâncio-pHmetria esofágica, manometria esofágica e manometria antroduodenal. Estudos apontam a prática de respiração diafragmática como primeira linha de tratamento e uso de relaxante muscular de ação central nos casos refratários.

Comentários finais

O caso destaca a importância do diagnóstico assertivo e do tratamento precoce da Síndrome de Ruminação, cujos sintomas prolongados são causa de intenso sofrimento e, impactam sobremaneira a qualidade de vida de seus portadores.

Palavras-Chave

Síndrome de Ruminação; Refluxo Gastroesofágico; Anemia Ferropriva

Área

Gastroenterologia - Motilidade Digestiva

Autores

Nayara Azevedo Pires, Francielly Alves Sampaio, Juliana Corsino Gonçalves, Sabrina Barbosa Silva, Bárbara Marques Fernandes Aguiar, Julia Carvalho Mourão