XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

TUMOR CARCINÓIDE DE DUODENO PRODUTOR DE SOMATOSTATINA: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA

Apresentação do Caso

Feminina, 63 anos, há oito meses com queixa de dor epigástrica irradiada para hipocôndrios. Ao exame abdominal, presença de massa palpável em epigástrio e hipocôndrio direito, extensão aproximada 10 x 6 cm, fixa e dolorosa. Tomografia computadorizada (TC) de abdômen e a ultrasonografia (USG) evidenciaram uma massa sólida de contornos lobulados medindo 13 x 9 cm em cabeça de pâncreas. Optado por realizar a laparotomia exploradora sem dosagens hormonais prévias. No intra-operatório o tumor situava-se na face posterior duodenopancreática e colicistectomia, sendo realizado uma gastroduodenopancreatectomia cefálica, com reconstrução em alça única. O anatomopatológico revelou neoplasia de duodeno na porção descendente, comprometendo toda a parede e comprimindo o tecido pancreático adjacente. Margens cirúrgicas e linfonodos livres de comprometimento neoplásico (T4N0Mx). A imuno-histoquimica foi compatível com neoplasia neuroendócrina (tumor carcinoide), imunoexpressão positiva para cromogranina e somatostatina, negativa para insulina e glucagon, concluindo ser um somatostatinoma. A paciente recebeu alta no décimo dia de pós-operatório, mantendo acompanhamento ambulatorial sem intercorrências.

Discussão

Os somatostatinomas representam menos que 1% das neoplasias endócrinas gastroenteropancreáticas, predominando em mulheres com idade média de 54 anos. Geralmente se apresentam com dor abdominal, icterícia e colelitíase, porém apenas 2,5% deles são funcionantes. Os elevados níveis de somatostatina, especialmente nos tumores > 4cm de diâmetro, podem desencadear má absorção e hiperglicemia por inibição secretória pancreática e a colelitíase por supressão da motilidade da vesícula biliar, conhecido como a tríade inibitória do somatostatinoma. A TC, ressonância magnética e USG abdomminal podem revelar massa tumoral pancreática, principalmente se associada ao aumento de somatostatina. O diagnóstico é confirmado pela biópsia, O tratamento de escolha é ressecção cirúrgica, sendo a cirurgia de Whipple a mais realizada, e nos tumores < 2cm é possível ressecção local. Nos casos em que a ressecção completa não é possível, pode-se optar por cirurgia paliativa redutora. Em casos selecionados, a quimioterapia pode ser benéfica e reduzir sintomas. Os fatores de pior prognóstico são tumores não ressecáveis, acometimento linfonodal, diferenciação celular, doença metastática, status não funcionante, e tumores > 3cm. A sobrevida em 5 anos é de aproximadamente 60%, e 40% na presença de metástases, chegando a cura na ressecção completa e ausência de metástases.

Comentários finais

Os tumores carcinóides do trato gastrointestinal são incomuns, devendo ser um diagnóstico diferencial em pacientes com síndrome ictérica. A terapia deve ser direcionada conforme os fatores prognósticos e adequada individualmente ao paciente.

Palavras-Chave

Tumor Carcinóide; Somatostatinoma; Duodeno;

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

Jackson Ribeiro Fernandes, Jamile Rosset Mocellin, Michel Ribeiro Fernandes