XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

HÉRNIA DE AMYAND A DIREITA COM APENDICITE AGUDA: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA

Apresentação do Caso

Masculino, 45 anos, com histórico de hérnia inguinal com redução incruenta a direita há 3 anos, em acompanhamento no ambulatório de cirurgia geral e com hernioplastia eletiva programada. Paciente é admitido no serviço de emergência com dor escrotal e dificuldade de redução do saco hérniário há 8 horas. Ao exame físico, apresentava abdômen flácido e indolor, sem sinais de peritonismo. Optado por cirurgia de emergência devido ao encarceramento do saco herniário. Durante o transoperatório identificado parte do ceco e apêndice cecal eritematoso com o conteúdo herniário, sendo realizada apendecectomia associado a redução do restante do saco herniário e, posteriormente, hernioplastia pela técnica de Shouldice. Paciente apresentou boa evolução no pós-operatório, com alta hospitalar no 2° dia.

Discussão

A hérnia de Amyand caracteriza-se pela presença do apêndice cecal dentro do saco herniário, podendo ser inflamado ou não. Sua incidência é rara, variando entre 0,5 a 1%. Frequentemente, os achados clínicos e semiológicos são inespecíficos e irão depender do comportamento da hérnia (sem alterações agudas, estrangulamento ou encarceramento) e do apêndice (sem sinais inflamatórios, inflamado, perfurado ou gangrenoso). A formação da apendicite aguda na Hérnia de Amyand ocorre pela compressão extrínseca do anel inguinal sob o apêndice cecal. A depender do tempo evolução e da procura do paciente pelo atendimento médico, sintomas típicos da apendicite aguda como anorexia, náuseas e vômitos podem ser variáveis, não ocorrendo neste caso. Não há um consenso quanto ao tratamento da Hérnia de Amyand, principalmente da realização da apendicectomia quando há apêndice com ausência de sinais inflamatórios e se isso contra-indicaria o reparo de hérnia com tela devido ao risco de contaminação. No tratamento deste caso, foi optado pela classificação de proposta de Losanoffe e Basson’s. Por se tratar de uma hérnia de Amyand tipo 2, na qual o tratamento proposto é apendicectomia seguida de hernioplastia sem colocação de tela, pois a inflamação gerada pode contribuir substancialmente na formação de aderências, fístulas e até mesmo recidiva da hérnia.

Comentários finais

Embora seja um quadro raro, a Hérnia de Amyand deve ser um dos diagnósticos diferencias em pacientes com clínica de dor em fossa ilíaca, aumento do volume escrotal associado a sinais inflamatórios, especialmente naqueles com diagnóstico prévio de hérnia indireta. Ainda há discussões quanto ao uso de tela no reparo do saco herniário e suas complicações.

Palavras-Chave

Hérnia; Amyand; Apendicite Aguda;

Área

Cirurgia - Cólon

Autores

Jackson Ribeiro Fernandes, Jamile Rosset Mocellin, Michel Ribeiro Fernandes